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Sobre mulheres brabas: ritual, gênero e perspectiva

Julia Otero Santos

Resumo

O chão etnográfico deste artigo é o Wayo ‘at Kanã, uma festa de mulheres realizada pelos Karo-Arara. Ofereço uma descrição e uma análise do ritual, por acreditar que, neste espaço-tempo, a agência feminina se faz mostrar em uma outra face, avessa a qualquer caracterização de domesticidade, interioridade ou consanguinidade, atribuições ordinárias para o universo feminino na etnologia sul-americana. O que esta festa faz aparecer, quando lida do ponto de vista de uma outra festa com a qual mantém uma relação um tanto quanto especular, é a alteridade imanente à posição feminina e à capacidade predatória das mulheres. A reflexão aqui apresentada também é uma formulação inicial sobre a relação entre perspectiva e gênero. A partir da interpretação do ritual, presumo a existência de uma variação entre um (ou dois) ponto(s) de vista determinado(s) pelo gênero e um ponto de vista humano, que eclipsa o gênero.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazonica.v11i2.7643



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