Corpus (In)Audíveis do Centro de Reeducação Feminino de Ananindeua/Pará
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo ouvir a percepção das mulheres em
situação de cárcere acerca da relação existente entre trabalho e o sistema prisional, com o intuito de proporcionar reflexões que possam subsidiar políticas públicas voltadas à reintegração social. A realidade da mulher encarcerada brasileira se reflete no passar do tempo, pois, a população feminina carcerária tem crescido de forma exponencial, e, consequentemente, também os défices advindos com a atual conjuntura, pois, uma vez que o sistema foi pensado por homens e para homens, e não na figura da mulher, que outrora era tida como dócil e obediente. A partir da premissa da desigualdade de gênero, interseccionalizada pela raça e classe social, que deixaprecária as relações de trabalho e amplia as vulnerabilidades, foi levantado o seguinte questionamento: em que medida o trabalho impacta no antes e no depois das mulheres em situação de cárcere? Como principais resultados, obteve-se que diante desse cenário, é mister constatar que a questão da vulnerabilidade do gênero feminino não é uma realidade atual, mas uma herança histórica e patriarcal do Brasil. Dentre as peculiaridades de cada uma das narrativas das internas, deixam inquietações e caminhos para outras pesquisas, como sistema penal e loucura. Em certa medida, o sistema visualiza todas como “loucas”, as quais devem ser retiradas definitivamente de perto das outras, atuando como uma higienização social da pobreza e não reinseridas na sociedade. No mais, é notória a necessidade de novas políticas públicas voltadas à população feminina dentro das unidades prisionais, as quais revejam as necessidades básicas femininas
que não seja pautado em bases predominantemente masculinas, mas sim, com o intuito de suprir as necessidades básicas que uma mulher possui no cárcere, visto que é dever do Estado prestar uma vida digna à encarcerada.
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PDFReferências
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