Cadernos CEPEC

Reprimarização da Economia e Estado Estacionário Ecológico

Jomar Fernandes

Resumo

Este artigo analisa a reprimarização da economia brasileira, a partir do paradigma da economia ecológica, ramo surgido a partir da década de 1980, de caráter transdisciplinar, que dialoga com a economia do desenvolvimento e com o pensamento pós-keynesiano e que ampliou o objeto da Teoria da Dependência, colocando a natureza no processo das trocas internacionais. Os principais precursores – Georgescu-Roegen (1971) e René Passet (1979) – trouxeram duas balizas determinantes: a tese da finitude dos recursos naturais (irreversibilidade entrópica) e a ideia de que a natureza precede a economia, temas negligenciados pela ortodoxia. O artigo discute o intercâmbio desigual de bens ecológicos, usando como proxy o fluxo material do país (que aponta para a reprimarização), o estado estacionário do ponto de vista ecológico e propõe estudos sobre a política fiscal verde como instrumento institucional para mitigar a degradação provocada pela forma capitalista de produzir.


Palavras-chave

Economia ecológica. Intercâmbio desigual. Fluxos materiais Estado estacionário.


Texto completo:

PDF

Referências


ARRIGUI, G. O Longo Século XX. São Paulo: Editora Unesp, 1996.

BELLUZZO, L.G. de M. O Declínio de Bretton Woods e a Emergência dos Mercados “Globalizados”. Revista Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 4, 1, 2016, p. 11-20.

BIRDSALL, N.; DE LA TORRE, A.; VALENCIA CAICEDO, F. The Washington Consensus: assessing a damaged brand. Center for Global Development Working Paper, n. 213, 2010. Disponível em: https://www.files.ethz.ch/isn/118196/wp213.pdf.

BRESSER-PEREIRA, L. C; OREIRO, J.; MARCONI, N. Macroeconomia desenvolvimentista: teoria e política econômica do novo desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Campus, 2016.

CANO, Wilson. A Desindustrialização no Brasil. Revista Economia e Sociedade. Campinas, SP, v. 21, 2012, pp. 831-851.

CARSON, R. Silent Spring. London: Penguin Books, 1962.

COSTANZA, R. Ecological Economics: reintegrating the study of humans and nature. Ecological Applications, 6 (4). New Jersey, 1996, 978-990.

CORAZZA, G. O Estado Estacionário na Economia Clássica. Revista Análise Econômica (UFRS), 9: mar/1991, pp. 207-221.

DADOS CONSOLIDADOS DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL:

DALY, H. The World Dynamics of Economic Growth: the economics of the steady state. American Economic Review, vol. 64, issue 2, 1974, pp. 15–21.

DALY, H; FARLEY, J. Ecological Economics: principles and applications. Washington-DC: Island Press, 2004.

DRAGAN, J.C. & DEMETRESCU, M.C. Entropy and Bioeconomics: the new paradigm of Nicholas Georgescu-Roegen. Milano: Editrice Nagard, 1986.

ENGELS, F. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. 9. ed. Tradução: Leandro Konder. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984.

FERREIRA, J. D.; SCHNEIDER, M. B. As Cadeias Globais de Valor e a Inserção da Indústria Brasileira. Curitiba: Revista Tecnologia e Sociedade, v.11, n.21, 2015.

FIORI, José L. Formação, expansão e limites do poder global. In: FIORI, José L. (Org.). O Poder Americano. Petrópolis: Vozes, 2004.

GEORGESCU-ROEGEN, N. Process in Farming versus Process in Manufacturing: a problem of balanced development”. In U. Papi and C. Nunn (eds.). Economic Problems of Agriculture in Industrial Societies, London: MacMillan, 1969.

GEORGESCU-ROEGEN, N. The Entropy Law and the Economic Process. Cambridge – MA: Harvard Universidade Press, 1971.

GEORGESCU-ROEGEN, N. Energy and Economic Myths. New York: Permagon Press, 1976.

GEORGESCU-ROEGEN, N. La D´ecroissance: Entropie-Ecologie – Economie. Paris: Ed. Sang de la Terre, 1995.

HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. Tradução: Adail U. Sobras; Maria S. Gonçalves. 12. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.

HOBSBAWM, E. A Era do Capital – 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015 [Recurso eletrônico, epub].

HOBSBAWM, E. As Origens da Revolução Industrial. São Paulo: Global Editora, 1970 (Coleção Bases 21).

HUMPHREY, J.; SCHIMITZ, H. How does Insertion in Global Value Chains Affect Upgrading in Industrial Clusters? UK, Routledge: Regional Studies, v.36, n.9, 2002. pp. 1017-1027.

IBGE – DADOS HISTÓRICOS DO SETOR EXTERNO NO SÉCULO XX:

LEEF, E. Epistemologia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

LEEF E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade e poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MARTINEZ-ALIER, J. Ecological Economics: energy, environment and Society. Cambridge, Mass: B. Blackwell, 1990.

MEADOWS, D.; RANDERS, J.; BEHRENS, W. Limites do Crescimento: um Relatório para o Projeto do Clube de Roma sobre o Dilema da Humanidade. Tradução Ines M. F. Litto. São Paulo: Perspectiva, 1972.

MILL, J. S. Principios de Economía Política. México: FCE, 1996.

MORGAN, Lewis Henry. A Sociedade Primitiva I (Tradução: Maria Helena Barreiro

Alves). Lisboa: Editorial Presença/Martins Fontes, 3Ed., 1980, 331p.

MORGAN, Lewis Henry. A Sociedade Primitiva II (Tradução: Maria Helena Barreiro

Alves). Lisboa: Editorial Presença/Martins Fontes, 1974, 310p.

PASSET, R. L'économique et le vivant. Paris: Payot, 1979.

PORTAL DO BANCO MUNDIAL: < https://data.worldbank.org/products/tools>

PORTAL IBRE-FGV:

PORTAL EAESP-FGV: < https://eaesp.fgv.br/producao-intelectual/politica-fiscal-verde-brasil>

PORTAL DO FMI: < https://www.imf.org/en/Home>

PORTAL DA OMC: < https://data.wto.org/en>

RICARDO, D. Princípios de Economia Política e Tributação. Tradução: Paulo H. R. Sandroni. São Paulo: Abril Cultural, 1986 (Os Economistas).

SMITH, A. A Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Tradução: Luiz João Braúna. São Paulo: Abril Cultural, 1996 (Os Economistas).

SOLOW, R. M. A Contribution to the Theory of Economic Growth. The Quartely Journal of Economics, vol.70, nº 1, feb. 1956, pp.65-94.

SOLOW, R. M. The Economics of Resources or the Resources of Economics. American Economic Review, vol. 64, issue 2, 1974, pp. 1–14.

TRINDADE, J.R (Org.). Seis Décadas de Intervenção Estatal na Amazônia: a SPVEA, auge e crise do ciclo ideológico do desenvolvimento brasileiro. Belém: Editora Paka-Tatu, 2014.

TRINDADE, J.R.; OLIVEIRA, W.P. Especialização Produtiva Primária e Meio Ambiente em Período Recente na Amazônia. Novos Cadernos NAEA 14 (2), UFPA, 2016.

TRINDADE, J.R.; OLIVEIRA, W.P. Padrão de Especialização Primário-Exportador e Dinâmica de Dependência no período 1990-2010, na Economia Brasileira. Ensaios FEE 37 (4), 1059-1092, 2017.

TRINDADE, J.R.; OLIVEIRA, W.P.; COONEY, P. Industrial Trajectory and Economic Development: dilemma of the re-primarization of the Brazilian economy. Review of Radical Political Economics 48 (2), 2016, pp. 269-286.

VALLEJO-GALÁRRAGA, M. C. Estructura Biofísica de la Economía Ecuatoriana: un estudio de los flujos directos de materiales. Rio de Janeiro: Revista Iberoamericana de Economía Ecológica, v. 4, 2006, pp. 55-72.

WALLERSTEIN, I. O Sistema Mundial Moderno. Vol. I: a agricultura capitalista e as origens da economia-mundo europeia no século XVI. Porto: Afrontamento, 1974.

WALLERSTEIN, I. World-Systems Analysis: an introduction. Durhan, North Carolina: Duke University Press, 2004.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/cepec.v14i2.17369

Apontamentos

  • Não há apontamentos.