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Mulheres Interrompidas pelo Poder do Patriarcado - a loucura

Silvana Maria Palheta Pires Coelho

Resumo

Este artigo planeja demonstrar como um conjunto de ideias, normas, cultura, regras sociais e de moral definem “o feminino” e como desencadearam fortes ações de coerção, resultando em violentas internações no Manicômio Juliano Moreira em Belém do Pará, na década de 50. Justifico a escolha deste período em função de um caso pessoal na família que sempre quis entender melhor e que por muito tempo estava escondido. O objetivo foi pesquisar sobre como e quais as razões diagnósticas, mulheres eram internadas no manicômio. Nossa hipótese é de que muitas mulheres foram isoladas, com suas vidas interrompidas apenas por serem mulheres que fugiam aos padrões da época, que não se calavam frente às injustiças cometidas contra elas. A metodologia usada foi a pesquisa dos prontuários de pacientes internadas, história e sintomatologia descrita. A pesquisa tem enfoque em 6 casos de mulheres internadas como forma de correção de uma postura diante da vida não condizente com os parâmetros da sociedade vigente; as loucas trazem consigo a violação das liberdades, interrupção de uma vida social e da juventude de mulheres consideradas inadequadas para sociedade, permitindo assim uma discussão sobre Loucura com base nos escritos de Foucault, patriarcado e a apropriação dos corpos, mentes e vida das mulheres.

 

Palavras Chave: Loucura. Violência. Mulher. Manicômio. Patriarcado.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/rcga.v2i24.15623

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