MILITÂNCIAS-EDUCADORAS DE MULHERES DO CAMPO: PRODUZINDO TERRITÓRIOS DE VIDA
Resumo
Em uma sociedade patriarcal, racista e urbanocêntrica, a militância de mulheres camponesas desvela opressões particulares e aponta caminhos para sua superação. Neste artigo, a partir de uma pesquisa de doutorado concluída, refletimos sobre os caminhos utilizados por mulheres militantes do campo para incidir na produção de territórios de vida, territórios de autonomia, saúde, solidariedade, opostas aos territórios de morte impostas aos povos do campo pelo agronegócio e a mineração. Nos valendo da abordagem da pesquisa participante, acompanhamos ações militantes de cinco mulheres vinculadas às lutas quilombolas e de resistência às ameaças socioambientais na Zona da Mata de Minas Gerais, bem como realizamos com elas entrevistas semiestruturadas e um Círculo de Cultura. Como resultados, em contextos socioespaciais marcados pelo capitalismo, o machismo e o racismo, colocando seus corpos em movimento, as mulheres têm gerado processos educativos, perspectivados pelo feminismo, pelo antirracismo e pela agroecologia, enraizados nos territórios e fundamentais para a defesa desses territórios e para a autonomia das mulheres e dos povos do campo.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/geo.v12i24.16455
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