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A violência alteritária: a negação do outro no brasil contemporâneo

Paulo Henrique Fonseca, Leonardo Lani Abreu

Resumo

Nunca foi tão necessário falar sobre violência quanto nos dias de hoje, nos quais as situações de violação à integridade dos seres humanos atingiram um nível tão alarmante que quaisquer esperanças de um futuro mais harmônico parecem infundadas. No mundo, em geral, e no Brasil, em particular, acumulam-se os exemplos de banalização da violência, tais como os episódios recentes de ódio a imigrantes, registrados na Europa e nos Estados Unidos, e, no caso brasileiro, as decapitações ocorridas durante rebeliões em presídios, o assassinato de indígenas e trabalhadores rurais e o assalto à democracia e aos direitos sociais. Se é verdade que a humanidade sempre foi violenta, também é verdadeiro que os novos meios de comunicação, ao transformarem o mundo numa aldeia, aumentaram a percepção a respeito da violência de um modo jamais visto antes. A própria internet tem se transformado cada vez mais em uma arena em que se embatem opiniões muitas vezes irreconciliáveis. Porém, considerando-se que o simples lamento quanto aos efeitos nocivos da violência é contraproducente, é necessário perquirir acerca das causas desse fenômeno, a fim de mitigar o sofrimento por ele causado, e uma primeira constatação é desde logo evidente: a de que a violência, ao permear, em variados graus de intensidade, todas as relações humanas, desponta como um elemento estrutural da sociedade. Com isso, não se pretende dizer que essa violência alteritária, que recai sobre o "alter", o outro, e se manifesta em três níveis - intergrupal, intragrupal e individual -, seja inevitável, mas sim lançar as bases para perscrutar suas raízes, por meio da adoção de um viés interdisciplinar e do método histórico-dialético, no intuito de promover a tomada de consciência em torno da natureza da violência, tanto por parte de suas vítimas quanto de seus agentes.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/hendu.v7i1.6020