A violência alteritária: a negação do outro no brasil contemporâneo
Resumo
Nunca foi tão necessário falar sobre violência quanto nos dias de hoje, nos quais as situações de violação à integridade dos seres humanos atingiram um nível tão alarmante que quaisquer esperanças de um futuro mais harmônico parecem infundadas. No mundo, em geral, e no Brasil, em particular, acumulam-se os exemplos de banalização da violência, tais como os episódios recentes de ódio a imigrantes, registrados na Europa e nos Estados Unidos, e, no caso brasileiro, as decapitações ocorridas durante rebeliões em presídios, o assassinato de indígenas e trabalhadores rurais e o assalto à democracia e aos direitos sociais. Se é verdade que a humanidade sempre foi violenta, também é verdadeiro que os novos meios de comunicação, ao transformarem o mundo numa aldeia, aumentaram a percepção a respeito da violência de um modo jamais visto antes. A própria internet tem se transformado cada vez mais em uma arena em que se embatem opiniões muitas vezes irreconciliáveis. Porém, considerando-se que o simples lamento quanto aos efeitos nocivos da violência é contraproducente, é necessário perquirir acerca das causas desse fenômeno, a fim de mitigar o sofrimento por ele causado, e uma primeira constatação é desde logo evidente: a de que a violência, ao permear, em variados graus de intensidade, todas as relações humanas, desponta como um elemento estrutural da sociedade. Com isso, não se pretende dizer que essa violência alteritária, que recai sobre o "alter", o outro, e se manifesta em três níveis - intergrupal, intragrupal e individual -, seja inevitável, mas sim lançar as bases para perscrutar suas raízes, por meio da adoção de um viés interdisciplinar e do método histórico-dialético, no intuito de promover a tomada de consciência em torno da natureza da violência, tanto por parte de suas vítimas quanto de seus agentes.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/hendu.v7i1.6020