MEMÓRIAS E CONTRA-MEMÓRIAS DO IMPÉRIO E DO COLONIALISMO NO ESPAÇO PÚBLICO DE LISBOA
Resumo
Focando-se no caso de Lisboa, este artigo aborda a forma como a experiência do imperialismo moderno deixou fortes marcas sociais e materiais no espaço urbano das antigas capitais dos centros imperiais europeus. Apesar do fim formal do colonialismo, estas marcas continuam ativas, e permanentemente ativadas, em tempos pós-coloniais, mantendo-se geralmente um sentido apologético relativamente à experiência imperial europeia e adaptando-o às novas exigências das cidades globais do mundo contemporâneo. Neste processo, as “heranças difíceis” do colonialismo, a escravatura, o trabalho forçado, a violência racial e de género, são relegadas ao esquecimento. Contudo, em tempos recentes, tem-se verificado um questionamento de fundo sobre os legados da experiência colonial, dinamizando-se o debate e a intervenção no espaço público através da ação do movimento anti-racista global e também através de várias ações de memorialização dos legados problemáticos do colonialismo. O objetivo deste artigo é abordar esta dinâmica no espaço público da cidade de Lisboa e está dividido em duas partes: numa primeira é analisado o processo de impressão ao longo do tempo de uma memória do império no espaço da cidade de Lisboa; numa segunda parte, são analisadas as ações de memorialização contra-hegemónicas que se afirmam no campo institucional e no das formas culturais alternativas, muitas vezes pela mão daqueles que são eles próprios objeto das estratégias representacionais das políticas e das instituições.
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v0i61.13866