Do deslocamento de línguas à retomada linguística no Baixo Tapajós: desestabilizando a ideia de monolinguismo
Resumo
Este trabalho discute o processo de retomada de línguas indígenas no Baixo Tapajós, oeste do estado do Pará, como um projeto político que desestabiliza um ideal monolíngue em português, tendo como ponto de partida uma reflexão sobre o deslocamento de línguas indígenas, resultado de um longo processo histórico de repressão linguística, que culminou com uma drástica redução da diversidade linguística. Apresentamos as bases epistemológicas orientadas pelos estudos decoloniais para refletir sobre o deslocamento linguístico e o esfacelamento da diversidade linguística relacionado às línguas indígenas. Discutimos a política de retomada do Munduruku e Nheengatu diante do silenciamento das continuidades étnicas, culturais, linguísticas e modos de vida indígenas. Consideramos que a retomada de línguas indígenas no Baixo Tapajós tem construído uma profunda mudança na dinâmica sociocultural da região, reinscrevendo vínculos ancestrais, subvertendo a ordem social e as classificações homogeneizantes.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v0i62.15068