Uma poça d’água sublime. Representações da vertigem feminina
Resumo
Tomando como ponto de partida a controvérsia teórica acerca das articulações estéticas e éticas entre kitsch, humor e sublime, este artigo debruça-se sobre sua encenação em alguns textos escritos por mulheres ao longo do século XX. O tema central é, nesse sentido, o da vertigem, que nas obras de Virginia Woolf, Maria Pawlikowska-Jasnorzewska, Wis?awa Szymborska e Clarice Lispector, se torna o momento-chave da representação da subjetividade feminina. Envolvido em vivências intensas expressas pela vertigem, o sujeito feminino surge em um primeiro momento como excepcional. No entanto, em virtude da presença do kitsch e do humor, a experiência do sublime, tradicionalmente codificada como relacionada a aventuras heroicas masculinas, vê-se subvertida. O sujeito feminino mostra-se então como falsamente excepcional, e graças a essa revelação, abre-se a possibilidade de um distanciamento crítico, a partir do qual o feminino surge como coisificado e infantilizado, ou seja, submetido à representação de cunho masculino.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v2i48.4771