MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

“Rindo até da própria desgraça”: o riso como avaliação encaixada em narrativas orais

Nair Daiane de Souza Santos Vansiler, Juliana de Amorim Marques, Regina Célia Fernandes Cruz

Resumo

O modelo de narrativa oral proposto por Labov e Waletzky (1967) é o mais aplicado quando se analisa narrativas de experiência pessoal. Dentre as seis partes – Resumo, Orientação, Avaliação, Complicação, Resolução e Coda – que compõem a estrutura de uma narrativa de experiência pessoal, a Avaliação é considerada a de maior traço funcional, pois veicula toda o envolvimento emocional do narrador com o evento narrado. Análises formais da estrutura de narrativas orais de experiência pessoal nos moldes labovianos (LABOV; WALETZKY, 1967; LABOV, 1972) têm dado prioridade para evidenciar o papel dos elementos linguísticos na caracterização de suas seis partes (OLIVEIRA JR., 2000). O presente estudo, destoando dessa tendência, tem como objetivo demonstrar em que medida eventos avaliativos (LABOV, 1972; MELO, 2003) são codificados por elementos paralinguísticos e multimodais. Mais especificamente, analisamos, aqui, eventos avaliativos construídos por riso que garantem uma performance particular ao ato de narrar. Em um corpus de 12 narrativas orais de experiência pessoal foram identificados 133 eventos avaliativos, sendo 99 do tipo encaixado e 34 do tipo externo. Os resultados da análise quantitativa apontaram que 8 ocorrências de risos identificadas nesse corpus têm como preferência as avaliações do tipo encaixadas. Os dados também foram submetidos a um protocolo experimental para descrevê-los gestualmente, o GAT (SELTING et al., 2011). Constatamos que, como já apontado por Britton e Kerbrat-Orecchioni (1996), os aspectos paraverbais ou não verbais desempenham um papel importante nas interações verbais.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v0i54.8121