MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

50 anos de Arqueologia do Saber: as contribuições aos estudos da linguagem no Brasil

Ivânia Neves, Pedro Navarro

Resumo

Michel Foucault, sem dúvida, representa um dos mais influentes intelectuais do século XXI. Embora tenha falecido em 1984, sua obra, como assinala Deleuze, nos deixou uma significativa caixa de ferramentas teórica, que ajuda a problematizar a verdade e a verticalizar a história do presente. Lido pelas mais diferentes áreas do conhecimento, seus livros, seus ditos e escritos extrapolaram as fronteiras disciplinares. 

Um dos aspectos importantes das análises de Michel Foucault sobre as condições de possibilidade do discurso é o modo como ele traz para suas análises a ideia de que o discurso é acontecimento, o que impõe que se recusem temas como origem, causalidade, espírito de época, por exemplo. A noção de acontecimento devolve aos discursos o seu caráter de irrupção, ao mesmo tempo em que sinaliza para uma fratura no arquivo.

Foucault propôs um tipo de história diferente daquela que privilegiava os grandes sujeitos, a chamada macro-história. Deixou de olhar para as grandes batalhas, as importantes lutas de monarcas, para se voltar para os pequenos acontecimentos (a micro-história), que fazem a história mudar seu curso. História não mais reduzida ou referida a um desejo totalizante de um sujeito originário, mas história que se faz entre as relações discursivas, que coloca o sujeito não como centro, mas como disperso nas posições discursivas que assume no discurso.No ano de 2019, comemoramos os 50 anos da publicação de “A Arqueologia do Saber”, leitura fundamental para pesquisadores, professores e estudantes interessados nos estudos do discurso com Michel Foucault no Brasil. Neste livro, o autor se posiciona criticamente diante de um projeto positivista de história tradicional por meio de uma série de oposições. Assim, contrapondo-se a uma história que se desenvolve em uma continuidade linear e simples, o autor, fundamentado em Nietzsche, Bachelard e Canguilhem, propõe uma genealogia cujo motor é a descontinuidade.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v1i57.9732