Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

O rio, ator do território amazônico

Philippe Plas, Vanderlúcia da Silva Ponte, Érico Silva Alves Muniz

Resumo

O presente trabalho analisa como se estabelece uma relação entre as populações das ilhas e dos rios urbanos na Amazônia. Neste espaço, entre as margens do mundo urbano da cidade e o mundo rural das ilhas, funciona um sócio-sistema de ilhas e margens. Analisamos esse sistema com base na teoria do ator-rede (LATOUR, 2006), observando que um ator não humano desempenha um papel essencial: o rio, que separa e conecta. Na relação com o rio, duas lógicas concorrentes foram reveladas: a lógica de dominação, que aparece claramente em grandes projetos urbanos, em que se tenta dominar e controlar o rio e; por outro lado, a lógica da cooperação, aquela que é usada pelos ribeirinhos, que se adaptam a condições da vida impostas pelo rio. Estes dois modelos dificilmente estabelecem acordos entre si e seu confronto está na raiz de lutas urbanas, constituindo-se como um conflito cultural.


Palavras-chave

Sócio-sistema. Ilhas. Rios. Margens. Cidade.


Texto completo:

PDF

Referências


BELÉM. Programa de Reabilitação Urbana e Ambiental da Bacia da Estrada Nova. Promaben: relatório de impacto ambiental. Belém: Prefeitura Municipal de Belém, 2007.

BELÉM. Lei n.º 8.655, de 30 de julho de 2008. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Belém e dá outras providências. Belém: Câmara Municipal, [2008]. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/pa/b/belem/lei-ordinaria/2008/866/8655/lei-ordinaria-n-8655-2008-dispoe-sobre-o-plano-diretor-do-municipio-de-belem-e-da-outras-providencias. Acesso em: 20 out. 2021.

BELÉM. Anuário 2020: Anuário Estatístico do Município de Belém. Belém: Prefeitura Municipal de Belém, 2020.

BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

BRAUDEL, F. O mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Felipe II. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995.

CALLON, M. La domestication des coquilles Saint-Jacques et des marins-pêcheurs dans la baie de Saint-Brieuc, L’Année Sociologique, [s. l.], v. 36, p. 169-207, 1996.

CASTELLS, M. A questão urbana. Rio de janeiro: Paz & Terra, 2007.

CASTELLS, M.; GODART, F. Monopolville: analyse des rapports entre l'entreprise, l'État et l'urbain à partir d'une enquête sur la croissance industrielle et urbaine de la région de Dunkerque. Paris: La Haye: Mouton, 1974.

CASTRO, E. Urbanização, pluralidade e singularidades das cidades amazônicas. In: CASTRO, E. (org.). Cidades na floresta. São Paulo: Annablume, 2008. p. 13-39.

CHILDE, G. Man Makes Himself. Nottingham: Editor Spokesman, 2003.

COSTA, G. S.; COSTA, F. A. Reprodução social da população camponesa e o paradigma do desenvolvimento rural sustentável na região das ilhas, em Cametá, Pará, Brasil. In: CASTRO, E. et al. (org.). Atores sociais, trabalho e dinâmicas territoriais. Belém: NAEA/UFPA. 2007. p. 111-153.

DEBRAY, R. Eloge de la frontière. Paris: Gallimard, 2010.

DESCOLA, P. Além de natureza e cultura. Tessituras, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 7-33, 2015.

ELETRONORTE. Plano de utilização do reservatório: a pesca nas áreas de influência local e de jusante caracterização preliminar (TUC 10-26443-re. Eletronorte). Brasília, DF: Centrais Elétricas do Norte do Brasil, S/A., 1989.

INGOLD, T. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 18, n. 37, p. 25-44, 2012.

LATOUR, B. Changer de société: refaire de la sociologie, Paris: La Découverte, 2006.

LATOUR, B. Reagregando o social: uma introdução a teoria do ator-rede. Salvador: EDUFBA; São Paulo: EDUSC, 2012.

LEFÈBVRE, H. A revolução urbana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.

LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem São Paulo: Editora Nacional, 1976.

LÉVI-STRAUSS, C. O cru e o cozido. In: LÉVI-STRAUSS, C. Mitológicas 1. São Paulo: CosacNaify, 2004. p. 5-435.

LIMA, T. S. O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi. Mana, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 21-47, 1996.

MAUÉS, R. H. O Perspectivismo indígena é somente indígena? cosmologia, religião, medicina e populações rurais na Amazônia. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 17, n. 1, p. 33-61, 2012.

PEREIRA, E. As encruzilhadas das territorialidades ribeirinhas: transformações no exercício espacial do poder em comunidades ribeirinhas da Amazônia tocantina paraense. 2014. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.

PROMABEN. Relatório de Impacto Ambiental: setembro/2007, tomo 01/02. Belém: Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos/Prefeitura Municipal de Belém: Engesolo Engenharia LTDA, 2007.

RODRIGUES, C. I. Vem do bairro do Jurunas: sociabilidade e construção de identidades em espaços urbanos. Belém: Editora NAEA, 2008.

RODRIGUES, C. I.; CAVALCANTI, J. S. B. Entre fronteiras: Identidades e culturas na modernidade. Revista Anthropológicas, Recife, v. 14, n. 21/2, p. 217-234, 2010.

SILVA, J. S.; PEIXOTO, R. C. D. Gentrificação e resistência popular nas feiras e portos públicos da Estrada Nova em Belém (PA). Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. Hum. Belém, v. 10, n. 3, p. 681-697, 2015.

TRINDADE JÚNIOR, S-C. C. Imagens e representações da cidade ribeirinha na Amazônia: uma leitura a partir de suas orlas fluviais. Humanitas, Belém, v. 18, n. 2, p. 135-148, 2002.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 115-144, 1996.

WADA, Y; BIERKENS, M. F. Sustainability of global water use: past reconstruction and future projection Environmental. Research Letters, [s. l.], vol. 9, n. 10, e104003, 2014.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v26i1.12074

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536