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Vida quilombola na comunidade de Itacuruçá, Pará

Monique Teresa Amoras Nascimento, Jéssica Fernanda Carvalho de Carvalho, Brenda Caroline Martins da Silva, Iago Sérgio de Castro Farias, Nádile Juliane Costa de Castro

Resumo

O artigo objetiva descrever as relações entre saúde e processos históricos em uma comunidade quilombola da Região Norte do Brasil. Metodologicamente, mobilizou-se o estudo etnográfico, com uso do diário de campo e do método observacional. A coleta foi realizada entre julho de 2021 e fevereiro de 2022, a partir de três visitas in loco à comunidade quilombola de Itacuruçá, pertencente à zona rural do município de Abaetetuba (PA). Os resultados foram analisados, a partir dos pressupostos da Determinação Social da Saúde, com emprego da análise de conteúdo. Dessa maneira, identificou-se os seguintes elementos na análise temática: ambiência e acessibilidade; cultura e modo de vida; e redes sociais e de saúde. Conclui-se que o modo de vida, os processos históricos e as dinâmicas do modelo econômico hegemônico são observados no contexto da comunidade, possuindo intervenções pontuais e limitadas em saúde, em virtude do isolamento geográfico e do acesso restrito a serviços dessa natureza. 


Palavras-chave

determinantes sociais em saúde; quilombolas; saúde pública; grupos étnicos; modo de vida; saúde das minorias étnicas.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v26i2.12861

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