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Meio ambiente e ciência ecológica. Distopia e restauração socioambiental no Paraná: uma abordagem a partir de Programas de Desenvolvimento Regional Sustentável

Davi Félix Schreiner, Francisco de Assis Mendonça

Resumo

As mudanças ambientais globais, a falta de políticas públicas eficazes para a prevenção e enfrentamento de fenômenos extremos, como a desertificação, as elevadas temperaturas climáticas, as tempestades, impõem problematizar a ecologia da restauração como ciência e como restauração ecológica. Na contramão do recomendado pela maioria dos cientistas ambientais, no Oeste do Paraná, não obstante o financiamento público a projetos socioambientais e o repasse de Royalties pela Itaipu Binacional aos municípios Lindeiros, via de regra, a prática da restauração ecológica como forma de recuperar áreas degradadas no espaço rural e urbano e de promover a conservação do meio ambiente amalgamada à economia, em especial, à agropecuária, às políticas públicas e às iniciativas privadas, mostraram-se insuficientes nas últimas décadas. Não envolveram, em geral, as comunidades locais. Destoa neste cenário o Programa Cultivando Água Boa e o Programa Oeste em Desenvolvimento. Pretendemos explicitar dimensões da ecologia da restauração e de sua historicidade na relação com os referidos programas. A análise foca a sustentabilidade socioambiental, apontando a acepção de (re)criação ecológica coletiva, que envolve e integra de forma proativa sujeitos, entidades, governança e a troca de saberes entre modos de viver, como dimensão fundamental da práxis ecológica. Concluímos que a hegemonia do paradigma da modernidade na agropecuária engendrou grande degradação ambiental e desigualdade social. Já os impactos de Programas como o CAB e o POD contribuem para o desenvolvimento socioambiental sustentável.


Palavras-chave

ecologia da restauração; (re)criação ecológica; sustentabilidade socioambiental; Paraná.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v27i3.16903

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