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“O Mata Fome está morrendo, a comunidade também”: reflexos da urbanização na saúde em uma periferia de Belém

Thaís de Almeida Costa, Flavio Henrique Souza Lobato, Voyner Ravena-Cañete

Resumo

Este artigo analisa como o desequilíbrio entre saúde e ambiente afeta a qualidade de vida de moradores em situação vulnerável, a partir da realidade de uma periferia de Belém (PA), a Comunidade Bom Jesus I, localizada no igarapé Mata Fome. Como metodologia, partindo de abordagem qualitativa, empregou-se pesquisas bibliográficas e de campo, utilizando entrevistas semiestruturadas junto a moradores, além de questionário socioeconômico entre 47 residências. Os dados, em diálogo com referenciais teóricos, permitiram inferir como o processo de ocupação no entorno ocorreu aceleradamente e os serviços urbanos básicos não acompanharam quantitativa e qualitativamente esse processo. Com o aumento populacional, houve degradação ambiental, visto que moradias foram construídas às margens do igarapé sem nenhuma ou restrita infraestrutura, ocorrendo assim a contaminação desse curso d’água. Atualmente constatou-se que os moradores apresentam dificuldades de acesso a serviços de saúde, o que é influenciado por questões socioeconômicas, constituindo quadros de agravamento da saúde.


Palavras-chave

Meio ambiente. Urbanização. Saúde. Comunidade.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v23i3.7695

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