Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

O panóptico do desenvolvimento e o discurso ambiental institucional: uma reflexão a partir do Amazonas

Francisca Dionéia Ferreira, Francimara Souza da Costa

Resumo

A Amazônia figura como o grande lócus da biodiversidade nos discursos ambientais em âmbito global, e o estado do Amazonas concentra boa parcela dessa biodiversidade em seu território. A relevância dessas riquezas naturais ganha destaque nos discursos, difundida como agenda prioritária nas ações baseadas na noção de sustentabilidade. Por meio de uma revisão bibliográfica, este artigo faz uma reflexão a respeito da constituição e dos efeitos do discurso ambiental institucional no Amazonas, apresentando uma relação deste com o panóptico do desenvolvimento sustentável. Observa-se que o discurso ambiental, enquanto exercício de poder, tem sido instrumento na construção de estratégias para a consolidação de instituições governamentais e não governamentais relacionadas à temática ambiental, ao mesmo tempo que tem sido observada pouca efetividade prática na melhoria das condições de vida das populações que habitam as áreas de floresta no estado, além de muitas vezes não haver real aderência a tal discurso no campo da ação e prática por parte das instituições que o propagam.


Palavras-chave

Discurso ambiental. Governança. Desenvolvimento sustentável. Amazônia.


Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. 101 p.

ANTUNES, P. T. S.; OLIVEIRA, G. C. A. Discurso do Banco da Amazônia: mudança de posição ideológica e seus reflexos na publicidade. The ESPecialist: Descrição, Ensino e Aprendizagem, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 1- 23, 2017.

ASSIS, W. F. T.; ZHOURI, A. Representar territórios e desfigurar conflitos ambientais: o discurso do desenvolvimento sustentável na publicidade

Brasileira. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 14, n. 2, p. 117-140, 2011.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 322 p.

BRUM, E. Brasil, construtor de ruínas: um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2019. 304 p.

CASARA, M. O discurso do desenvolvimento sustentável, marketing e simulacro. Revista Vida Pastoral, São Paulo, ano 57, n. 307, jan./fev. 2016. Disponível em: https://www.vidapastoral.com.br/artigos/temas-sociais/o-discurso-do-desenvolvimento-sustentavel-marketing-e-simulacro/. Acesso em: 15 mar. 2020.

CIDREIRA-NETO, I. R. G.; RODRIGUES, G. G. Relação homem-natureza e os limites para o desenvolvimento sustentável. Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, Recife, v. 6, n. 2, p. 142-156, 2017.

COSTA, F. A.; FERNANDES, D. A. Dinâmica agrária, instituições e governança territorial para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 517-552, 2016.

COSTA, F. S.; RAVENA, N. Territórios e cercas simbólicas em regimes de propriedades comuns na Amazônia. Geosul, Florianópolis, v. 32, n. 63, p 159-178, 2017.

ESPADA, L. V.; SOBRINHO, M. V. Manejo comunitário e governança ambiental para o desenvolvimento local: análise de uma experiência de uso sustentável de floresta na Amazônia. Administração Pública e Gestão Social, Viçosa, v. 7, n. 4, p. 169-177, 2015.

FONSECA, I. F.; BURSZTYN, M. A banalização da sustentabilidade: reflexões sobre governança ambiental em escala local. Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 24, n. 1, p. 17-46, 2009.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. 296 p.

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1997. 244 p.

HARDIN, G. The tragedy of the commons. Science, Washington DC, v. 162, n. 3859, p. 1243-1248, 1968.

IMAZON. Unidades de conservação mais desmatadas da Amazônia Legal (2012-2015). IMAZON, Belém, 2017. Livros e livretos. Disponível em: https://imazon.org.br/unidades-de-conservacao-mais-desmatadas-da-amazonia-legal-2012-2015/. Acesso em: 20 mar. 2020.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 310 p.

MARQUES FILHO, L. C. Capitalismo e colapso ambiental. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2018. 736 p.

MARTINS, R. S. Ambientalismo e sustentabilidade: um olhar sobre o discurso ambiental. NORUS, Rio de Janeiro, v. 3, n. 4, p. 138-154, 2015.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 8. ed. Campinas: Pontes, 2009. 100 p.

PÊCHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução Eni P. Orlando. Campinas: Pontes, 2008. 35 p.

PEREIRA, C. F. Estado e agronegócio: etnografia de um processo de regularização fundiária e descaracterização de territórios no Sul do Amazonas. 2017. 294 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2017.

PORTO, J. R. S. Conexões, apropriações e exclusões no discurso do desenvolvimento territorial no Brasil. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 18, n. 1, p. 145-168, 2015.

QUEIROZ, S. P. L. Políticas públicas para o turismo sustentável no Estado do Amazonas: perspectivas e desafios, 2013 – 2016. 2016. 151 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2016.

RANGEL, A. Inferno verde: cenas e cenários do Amazonas. Lisboa: Ed. Typ. Minerva, 1908. 128 p.

SANTOS, L. F. S. O panóptico verde: notas sobre os regimes de ambientalidade. Somanlu, Manaus, v. 10, n. 1, p. 304-475, 2010.

SECRETO, M. V. A ocupação dos “espaços vazios” no governo Vargas: do “Discurso do rio Amazonas” à saga dos soldados da borracha. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 40, p. 115-135, 2007.

SILVA, D. F.; LIMA, C. G. F. C. Empresas e meio ambiente: contribuições da legislação ambiental. Revista Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 334-359, 2013.

SILVA, L. S.; HENNING, P. C. Problematizando o campo de saber da educação ambiental. Pro-Posições, Campinas, v. 30, e20170124, p. 1-24, 2019.

SILVA, M. P.; BAUER, V.; GUERRA, A. F. S. AmbientalMENTEsustentable, Florianópolis, v. 2, n. 20, p. 1035-1059, 2015.

SOUZA, M. História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2019. 392 p.

SWAIN, T. N. Amazonas Brasileiras? Os discursos do possível e do impossível. Intervenções Feministas, [S. l.], 31 mar. 2009. Disponível em: http://intervencoesfeministas.mpbnet.com.br/textos/tania-amazonasbahia.pdf. Acesso em: 05 mar. 2020.

WENCESLAU, J.; ANTEZANA, N. L.; CALMON, P. D. P. Políticas da terra: existe um novo discurso ambiental pós Rio +20? Cadernos EBAPE. BR, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 584-604, 2012.

ZHOURI, A. O ativismo transnacional pela Amazônia: entre a ecologia política e o ambientalismo de resultados. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 12, n. 25, p. 139-169, 2006.

ZHOURI, A. Mineração, violência e resistências: um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil. CROLAR, Boltzmannstr, Berlin, v. 8, n. 1, p. 69-71, 2019.




DOI: http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v24i1.8418

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536