Cabeçalho da página

ÚLTIMOS DIAS DE CARLOS GOMES, DE DOMENICO DE ANGELIS E GIOVANNI CAPRANESI: UMA ABORDAGEM ICONOGRÁFICA-MUSICAL

Luciane Viana Barros Páscoa

Resumo

Resumo

O presente artigo aborda a pintura acadêmica histórica Últimos dias de Carlos Gomes (1899), de Domenico de Angelis e Giovanni Capranesi. Esta obra de aspecto narrativo apresenta personagens reais num ambiente ficcional e alegórico, representa o momento da morte do compositor, rodeado por vinte e duas figuras masculinas que são identificadas como personagens históricos, tais como jornalistas, músicos, políticos, militares, um representante da Igreja e os próprios artistas que assinam a obra e se autorretratam. Na composição pictórica, além do retrato de Carlos Gomes, observam-se mais três elementos de iconografia musical: o piano do compositor, a partitura da ópera Il Guarany, e um quadro de gênero que cita o painel parietal Peri e Ceci do Salão Nobre de Teatro Amazonas, realizado pelos mesmos artistas italianos. A ópera Il Guarany foi levada aos palcos líricos europeus a partir de 1870 com grande sucesso, tornando-se uma das obras artísticas do século XIX que mais se identificou com o desejo nacionalista brasileiro. Vale ressaltar que as imagens de Carlos Gomes geralmente são associadas à sua obra, e este aspecto composicional pode ser visto na pintura de De Angelis e Capranesi e também na fotografia de Felipe Fidanza, que retrata o compositor em seu leito de morte. Apresenta-se aqui um estudo iconográfico musical da pintura que integra o acervo do Museu de Arte de Belém, relacionando os aspectos estéticos e simbólicos da representação da morte de Carlos Gomes com a construção do culto à sua personalidade e à permanência de sua música, notadamente Il Guarany, no repertório brasileiro.

Abstract

This article deals with the historical academic painting Últimos dias de Carlos Gomes (1899), by Domenico de Angelis and Giovanni Capranesi. This painting presents a narrative that shows real characters in a fictional and allegorical environment, which represents the moment of Gomes’ death, surrounded by other twenty-two male characters: influential persons from politics, church, military, press, arts, including the painters themselves. In this scene, besides Carlos Gomes portrait, we can find three more musical iconography elements: a piano, probably the composer instrument; the Il Guarany score; and the great wall painting called Peri e Ceci, another De Angelis and Capranesi painting work, situated at the Honor room of the Manaus Opera House. Il Guarany was staged since 1870, achieving great success and a special symbol status for the brazilian nationalism in the XIXth century. We can also consider many associative aspects of Gomes’ music in his own portrait, this particular feature can be observed at De Angelis and Capranesi painting, as well as depicted in a Felipe Fidanza’s photograph, which brings the brazilian composer in his deathbed. This paper concerns this theme, proposing an iconographic analysis that contributes to know more about the personality cult procedure as a strategy for musical maintenance of Gomes’ work, specially Il Guarany in the brazilian cultural scene.


Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.18542/arteriais.v0i12.12678