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Territorialização da atividade pecuária no sudeste paraense (Amazônia brasileira)

Cláudio Henrique Sampaio Lopes, Daniel Araújo Sombra Soares, Mateus Monteiro Lobato, Rosana Quaresma Maneschy

Resumo

O presente artigo estreita o debate acerca das relações socioeconômicas que se materializam na paisagem da Amazônia Paraense em sua periodização de interesses, ações, relações e conflitos entre as instituições e os diferentes territórios, utilizando como lócus de análise o Sudeste Paraense. A produção cartográfica contou com elaborações a partir do software ArcMap (ArcGis) versão 10.4.1, juntamente à pesquisa bibliográfica. A implementação de infraestrutura e políticas públicas de incremento regional na Amazônia Legal consiste em mapear os seguimentos políticos que fomentaram a atuação capitalista, com a concentração da terra (empreendimentos agropecuários) e valorização da terra, marcada pela dinâmica socioeconômica. O Sudeste Paraense possui um processo histórico no qual se manifestam a violência e o fortalecimento de estruturas locais de poder, baseados na propriedade da terra. Esse contexto de disputa pela terra não afetou somente a situação fundiária regional, mas também foi decisivo para a consolidação de um padrão de exploração do meio natural baseado na transformação das áreas de florestas em pastagens cultivadas (pecuária). Houve uma queda significativa nas taxas de desmatamento no ano de 2009 com menor taxa em 2012, nos estados da Amazônia Legal, que retoma seu crescimento 2016, rompendo com a regressão dessa supressão florestal. Os dados mostram um pico elevado em 2019, tendência continuada em 2020, 2021. Essa continuidade é abarcada de alterações do território que gira em torno das atividades pioneiras que especulam a terra em consonância ao mercado consumidos externo e as políticas do avanço e desenvolvimento capitalistas.


Palavras-chave

Amazônia; Dinâmica socioeconômica; Uso da terra


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/reumam.v8i1.14679

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