Cabeçalho da página

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NOS CASOS DE DOENÇA DE CASOS AGUDA EM BELÉM

Augusto Gabriel da Costa Pereira, Raimundo Vitor Santos Pereira, Reinaldo Matheus Reis Ribeiro, Dilma do Socorro Moraes de Souza

Resumo

A Doença de Chagas Aguda (DCA) tem ganhado notoriedade recentemente devido ao aumento significativo no número de casos. Diversas pesquisas sugerem que a transmissão por via oral, mediante o consumo de alimentos contaminados, está predominantemente associada aos casos de DCA na região Amazônica. No entanto, a influência de fatores ambientais, tais como as condições climáticas, carece de uma análise aprofundada para compreender sua relação com a incidência da DCA. Neste contexto, o presente estudo objetiva realizar uma investigação minuciosa da possível relação entre variáveis meteorológicas e a ocorrência da DCA no município de Belém. Esta pesquisa visa contribuir de forma substancial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle mais eficazes no enfrentamento dessas enfermidades. Através da análise do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), constatou-se que aproximadamente 63% dos casos de DCA ocorrem em períodos de moderada a extrema seca, sendo que a maioria das infecções ocorre especificamente durante o período moderadamente seco, representando mais de 50% dos casos. Os registros de DCA também apresentaram uma correlação significativa com as estações do ano, com o maior número de infecções concentrado no segundo semestre, principalmente durante a primavera austral. Utilizando o método estatístico de correlação cruzada (CC), verificou-se que a precipitação afeta a variabilidade temporal da doença em intervalos de 11 e 6 meses. Destaca-se o ano de 2017, no qual a variabilidade do número de casos de DCA apresentou um padrão incomum, com um aumento significativo no primeiro semestre, especialmente no mês de fevereiro. Esse evento provavelmente está relacionado ao El Niño, que foi classificado como muito intenso nos dois anos anteriores.

PALAVRAS-CHAVE: Belém; clima; Doença de Chagas Aguda.


Palavras-chave

Belém; Clima; Doença de Chagas Aguda.


Texto completo:

PDF

Referências


ANGHEBEN, A. et al. Chagas disease and transfusion medicine: A perspective from non-endemic countries. Blood Transfusion, v.13, n. 4, p. 540–550, 2015. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2023.

ARAÚJO, R. A. F.; UCHÔA, N. M.; ALVES, J. M. B. Influence of meteorological variables on the prevalence of diseases transmitted by Aedes aegypti vector. Revista Brasileira de Meteorologia, v.34, n. 3, p. 439–447, 2019. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

BADEL-MOGOLLÓN, J.; RODRÍGUEZ-FIGUEROA, L.; PARRA-HENAO, G. Análisis espacio-temporal de las condiciones biofísicas y ecológicasde Triatoma dimidiata (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae) en la region nororiental de los Andes de Colombia. Biomédica, v. 37, n. 2, p. 106–123, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2023.

BARGHINI, A.; MEDEIROS, B. A. S. UV radiation as an attractor for insects. LEUKOS - Journal of Illuminating Engineering Society of North America, v. 9, n. 1, p. 47–56, 2012. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2023.

BARROS, V. S. et al. Análise de tendência do índice de Precipitação padronizado em Recife–PE. Research, Society and Development, v. 10, n. 8, p. e5231sanros0817458, 2021. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Banco de Dados do Sistema Único de Saúde -DATASUS, 2022. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

CEVALLOS, A. M.; HERNÁNDEZ, R. Chagas’ disease: Pregnancy and congenital transmission. BioMed Research International, v. 2014, p. 1-10, 2014. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2023.

COHEN, J. C. P.; SILVA DIAS, M. A. F.; NOBRE, A. N. Environmental conditions associated with amazonian squall lines: A case study. Monthly Weather Review, v. 123, p. 3163–3174, 1995. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

COSTA, J. Distribution and characterization of different populations of Triatoma brasiliensis Neiva, 1911 (Hemiptera, Reduviidae, Tritominae). Cadernos de Saúde Pública, v. 16, n. Suppl 2, p. 93–95, 2000.Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2023.

COURA, J. R. The main sceneries of chagas disease transmission. The vectors, blood and oral transmissions - A comprehensive review. Memorias Do Instituto Oswaldo Cruz, v. 110, n. 3, p. 277–282, 2015. Disponível em: . Aces-so em: 12 jan. 2023.

DELGADO-PETROCELLI, L. et al. Analysis of the El Niño/La niña-Southern oscillation variability and malaria in the Estado Sucre, Venezuela. Geospatial Health, v. 6, n. 3, p. 51–57, 2012. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2023.

FERREIRA, R. T. B.; BRANQUINHO, M. R.; CARDARELLI-LEITE, P. Transmissão oral da doença de Chagas pelo consumo de açaí: um desafio para a Vigilância Sanitária. Vigilância Sanitária Em Debate, v. 2, n. 4, p. 4–11, 2014. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2023.

FUNK, C. et al. The climate hazards infrared precipitation with stations - A new environmental record for monitoring extremes. Scientific Data, v. 2, p. 1–21, 2015. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

GERMANO, M. F. et al. Analysis of the breeze circulations in Eastern Amazon: an observational study. Atmospheric Science Letters, v. 18, n. 2, p. 67–75, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

GUARNERI, A. A. et al. The effect of temperature on the behaviour and development of Triatoma brasiliensis. Physiological Entomology, v. 28, n. 3, p. 185–191, 2003. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2023.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Brasileiro de 2022. Belém: IBGE, 2022. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

INMET. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP). Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

KINOSHITA-YANAGA, A. T. et al. Accidental infection by Trypanosoma cruzi follow-up by the polymerase chain reaction: Case report. Revista Do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo, v. 51, n. 5, p. 295–298, 2009. Disponível em: . Aces-so em: 10 jan. 2023.

MCKEE, T.B.; DOESKEN, N.J.; KLEIST, J. The Relationship of Drought Frequency and Duration to Time Scales. 8th Conference on Applied Climatology, Anaheim, v. 17. p. 179-184, 1993. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

MORAES, B. C. et al. Seasonality of dengue reporting in state capitals in the Brazilian Amazon and impacts of El Niño/La Niña. Cadernos de Saude Publica, v. 35, n. 9, p. 1–7, 2019. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2023.

MOURA, M. D. N. et al. Relationship between respiratory diseases and environmental conditions: a time-series analysis in Eastern Amazon. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, v. 56, n. 3, p. 398–412, 2021. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2023.

OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Chagas disease (American trypanosomiasis) 2018. Disponível em: . Acesso em: 01 dez. 2023.

PACHECO, L. V., SANTANA, L. S., BARRETO, B. C., SANTOS, E. DE S., MEIRA, C. S. Transmissão oral da doença de Chagas: Uma revisão de literatura, 2021. Research, Society and Development, v. 10, n. 2, p. 1-11. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

PIRES, H. H. R. et al. Dynamics of thermopreference in the Chagas disease vector Panstrongylus megistus (Hemiptera: Reduviidae). Journal of Medical Entomology, v. 39, n. 5, p. 716–719, 2002. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

PODOBNIK, B.; STANLEY, H. E. Detrended cross-correlation analysis: A new method for analyzing two nonstationary time series. Physical Review Letters, v. 100, n. 8, p. 1–4, 2008. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022.

RASSI, A.; RASSI, A.; MARIN-NETO, J. A. Chagas disease. The Lancet, v. 375, n. 9723, p. 1388–1402, 2010. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

ROCHA, G. M.; GODOY, C. V. Desafios à territorialização da atenção básica à saúde em Belém e Região Metropolitana: espaços de vulnerabilidade socioambiental. Universidade e meio ambiente, v. 5, n. 1, p. 99–117, 2020. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2023.

ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém, PA: EDUFPA, 2000. 313p. Acesso em: 10 jan. 2023.

SAMPAIO, G. H. F. et al. Epidemiological profile of acute Chagas disease in individuals infected by oral transmission in Northern Brazil. Revista Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 53, n. 1, p. 1-7, 2020. Disponível em: . Aces-so em: 12 jan. 2023.

SANTOS, S. R. Q. et al. Classificação de eventos extremos de precipitação em múltiplas escalas de tempo em Belém-PA: utilizando o Índice de Precipitação Normalizada. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 7, n. 4, p. 629-635, 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

SANTOS, S. R. Q. et al. Frequências dos eventos extremos de seca e chuva na Amazônia utilizando diferentes bancos de dados de precipitação. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 10, n. 2, p. 468-478, 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

SCHOFIELD, C. J., JANNIN, J., SALVATELLA, R. The future of Chagas disease control. Trends in Parasitology, v. 22, n. 12, p. 583-588, 2006. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

SOUSA JÚNIOR, A. S. et al. Análise espaço-temporal da doença de Chagas e seus fatores de risco ambientais e demográficos no município de Barcarena, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v, 20, n. 4, p. 742-755, 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

SOUZA, D. S. M.; POVOA, R. M. S. Aspectos epidemiológicos e clínicos da Doença de Chagas aguda no Brasil e na América Latina. Revista Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, v. 26, n. 4, p. 222-229, 2016. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.

VILHENA, A. O. et al. D. L. Doença de Chagas aguda no estado do Pará, Brasil: série histórica de aspectos clínicos e epidemiológico em três municípios, no período de 2007 a 2015. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 11, p. 1-11, 2020. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2023.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/reumam.v8i2.14766

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN online 2595-9239