O aproveitamento hidrelétrico (AHE) de Belo Monte: transformações espaciais e desenvolvimento regional
Resumo
Considerando a implantação do Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte como proposta de desenvolvimento regional, percebe-se a ocorrência de grandes transformações espaciais com diversas magnitudes, seguindo a lógica do que ocorreu a partir de outras experiências de implantação de hidrelétricas na Amazônia. Entretanto, ao observarmos suas particularidades, quanto a gênese do processo na década de 1970, a redefinição do projeto com inovação tecnológica e a mudança na configuração espacial da área atingida, e percebemos que este projeto apresenta complexidades estruturais inovadoras, como operação à fio d’água, planos de desenvolvimento e inserção regional e comitê gestor do desenvolvimento regional. Para a compreensão desta problemática objetiva-se analisar a relação estabelecida entre o projeto de implantação da Hidrelétrica de Belo Monte e a sua região de abrangência, evidenciando a complexidade e particularidades de suas transformações espaciais, partindo do pressuposto de que Belo se constituiu como um projeto inovador no que diz respeito a responsabilidade com o pretenso desenvolvimento regional. As análises efetivadas nos permitem concluir que essas transformações acirraram a desestruturação de atividades econômicas tradicionais ao criar novas formas de uso e ocupação na região de abrangência, pois privilegiam o incremento de atividades econômicas que servem para a sustentação das necessidades da usina, consolidando com isto a manutenção das desigualdades espaciais.
Palavras-chave
Transformações espaciais; Desenvolvimento; Amazônia; Hidrelétrica; Belo Monte
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