Metodologia de elaboração de plano de manejo em reservas extrativistas: uma reflexão sobre a comunicação ambiental
Resumo
Este artigo discute a comunicação ambiental em Planos de Manejo de unidades de conservação federais. Baseado na análise documental em duas Reservas Extrativistas (RESEX) Marinhas: a de Soure e a Caté-Taperaçu, ambas no litoral do Pará. A primeira utilizou uma adaptação brasileira da metodologia Foundation Document (adotada a partir de 2018 pelo ICMBio/MMA). Enquanto a outra o método previsto na IN ICMBio nº 01/2007, adotado entre 2007 e 2017. O objetivo é avaliar qual método apresenta maiores oportunidades para comunicação ambiental. Realizou-se um levantamento bibliográfico seguido pela análise documental crítica dos Planos de Manejo (PM) das UCs. Nota-se, como resultado que o PM da RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu (de 2012), elaborado por consultores e baseada em coleta de dados, possui um texto mais extenso, rebuscado e científico e o da RESEX Marinha de Soure (de 2018) segue uma nova tendência, com foco no planejamento estratégico, possui um texto mais conciso e de leitura acessível. A nova abordagem (adaptada do Foundation Document), além de adotar uma linguagem regional gera documentos que ressaltam valores das RESEX e se preocupa em priorizar as necessidades existentes, mais do que com levantamento de dados. Em um processo participativo e colaborativo, facilitando a comunicação com diversos atores da unidade de conservação. Por fim, cabe salientar a diminuição na burocracia e os custos de elaboração de Planos de Manejo
Palavras-chave
Gestão; Unidade de Conservação; Reserva Extrativista; Plano de manejo; Comunicação Ambiental
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/reumam.v9i2.17170
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