Convergências e divergências entre as políticas públicas de promoção da monocultura de palma, a política ambiental e o ordenamento territorial no nordeste do estado do Pará
Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar os conflitos ambientais decorrentes da expansão do cultivo de palma de óleo e titulação dos territórios quilombolas no Nordeste do Pará, Amazônia. O arcabouço teórico da pesquisa foi delineado sob as literaturas de gestão territorial e conflitos ambientais. Metodologicamente, a pesquisa centrou-se na análise sobre as políticas públicas e diretrizes jurídico-institucionais que definem o território dos quilombos e as dificuldades observadas após a implementação dos projetos de plantio de palma no Nordeste do Pará. A pesquisa foi baseada em análise documental examinando relatórios oficiais e processos administrativos e judiciais. A pesquisa mostra que os governos federal e regional optaram, a partir de 2011, por criar novos territórios para quilombos e assentamentos fora da área produtora de óleo de palma. Além disso, a pesquisa demonstra que há divergências entre as políticas públicas de desenvolvimento local e de proteção ambiental, o que contribui para o surgimento de conflitos em determinadas áreas do Nordeste Paraense.
Palavras-chave
Política ambiental; ordenamento territorial; conflito ambiental; quilombola; monocultura de palma de óleo
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/reumam.v9i2.17519
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