DO RESPIRAR AO ESCREVER: FORMAS DE ANIQUILAMENTO E SUBVERSÃO DAS EXISTÊNCIAS NEGRAS
Resumo
O racismo impõe marcas profundas na subjetividade da população negra, em particular, das mulheres negras. Falar e escrever se somam à luta por existir em um país que nega a existência de violências estruturais e institucionais que vêm se acumulando ao longo do tempo. Por outro lado, é possível lançar mão de estratégias que comunicam outras formas de expressão e produção de conhecimento não atreladas a um modo ocidental de conhecer e de intelectualidade que leva em consideração as diferentes narrativas e seus atravessamentos territoriais, de classe, gênero, sexualidade, entre outros. Assim, pretendeu-se costurar conversas que explanassem sobre o medo de mulheres negras se expressarem a partir de relatos de mulheres negras que se dispuseram a responder “por que mulheres negras têm medo de falar?”, em diálogo com autoras negras e não negras que abordam a problemática das relações raciais atualizadas em um contexto de pandemia por Covid-19 e seus efeitos na vida da população negra. Observou-se que o racismo empurra mulheres negras para o silêncio a partir da transformação das diferenças em desigualdades na tentativa de aprisionar as subjetividades negras em estereótipos que desumanizam e inferiorizam mulheres negras. A raiva quando compreendida enquanto uma possibilidade de deslocamento das narrativas impele mulheres negras a se movimentar e transformar o silêncio em ação. Da mesma maneira, acessar outras formas de produção do conhecimento como os Griots e Griotes, o pretuguês e as adinkra nos levam a romper com o modo único com que propositalmente as histórias da população negra foram contadas abrindo espaço para outras formas de identificações saudáveis com as negritudes e a oportunidade de re-contar as histórias, agora a partir das sujeitas e sujeitos que paulatinamente têm rompido o pacto do silêncio racial.
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