Revista Humanitas

EDUCAÇÃO, AMBIENTE E INTERCULTURALIDADES DO NOSSO VIVER AMAZÔNICO: VIVÊNCIA PELO BEM VIVER!

Marta Giane Machado Torres, Antônio Luís Parlandin dos Santos

Resumo

Este estudo situa-se na intersecção entre sociedade, ambiente e educação, destacando as práticas e referenciais que orientaram o processo de espraiamento da educação ambiental na Amazônia, e explicita as contradições do processo de ensino e aprendizagem que ocorre na educação referente ao meio ambiente. Parte das reflexões realizadas nas aulas da disciplina “Bem-Viver e interculturalidade: interfaces entre universidade e comunidades”. Objetiva refletir sobre a intersecção entre meio ambiente (amazônico) e os projetos de educação ambiental e societais presentes na atualidade no Brasil, destacando o Bem Viver. É uma pesquisa de caráter bibliográfico que descreve os momentos construídos na disciplina. As amarras psicológicas, socioculturais, políticas e institucionais que engessam os modos de vida da população brasileira nos padrões europeus como referência, atravessam o campo educacional num ciclo recursivo, entre sociedade e escola, em que os professores e professoras – e demais sujeitos da comunidade escolar – podem ser reprodutores de relações sociais marcadas pelo racismo. Nesse sentido, o estudo evidenciou que se trata de um processo dinâmico e contínuo de rupturas e radicalização das lutas no interior da escola. Ao pensar num movimento de descolonização de mentes e corpos, de saberes e modos de vida torna-se imprescindível rever a história e recontá-la sob outra perspectiva que não a do colonizador. Isso significa construir outras narrativas que possibilitem o refazimento de determinada cosmovisão e leve a um movimento de práticas sociais em que negros e indígenas, por exemplo, protagonizem a dinâmica da sociedade brasileira. 

Palavras-chave: Bem Viver; interculturalidade; ambiente; educação. 




EDUCATION, ENVIRONMENT AND INTERCULTURALITY OF OUR AMAZONIAN LIVING - LIVING FOR WELL LIVING!

Abstrat: This study is at the intersection of society, environment and education, highlighting the practices and benchmarks that guided the process of spreading environmental education in the Amazon and spells out the contradictions of the teaching and learning process that occurs in  environmental education. We start from the reflections held in the classes of the discipline “Well Living and interculturality: interfaces between university and communities”. It aims to reflect on the intersection between the environment (Amazon) and the environmental and societal education projects present in Brazil, highlighting the Well living. We conducted a bibliographic research and described the moments built in the discipline. The psychological, socio-cultural, political and institutional ties that engulf our ways of life in European standards as a reference, cross the educational field in a recursive cycle, between society and school, in which teachers and teachers - and other subjects of the school community - can reproduce social relations marked by racism. In this sense, it became evident that this is a dynamic and continuous process of ruptures and radicalization of the struggles within the school. When thinking of a movement of decolonization of our minds and bodies, of knowledge and ways of life, it is essential to review the history and recount it from another perspective than that of the colonizer. This means building other narratives that enable us to re-create our worldview and lead us to a movement of social practices in which blacks and indigenous people, for example, play a role in the dynamics of our Society. 

Keywords: Bem Viver; interculturality; environment; education. 




EDUCACIÓN, AMBIENTE E INTERCULTURALIDADES DE NUESTRO VIVIR AMAZÓNICO - ¡VIVENCIA POR EL BUEN VIVIR! 

Resumen: Este estudio se sitúa en la intersección entre sociedad, ambiente y educación, destacando las prácticas y referencias que orientaron el proceso de esparcimiento educación ambiental en la Amazonia y explicita las contradicciones del proceso de enseñanza y aprendizaje que ocurre en la educación referente al medio ambiente. Partimos de las reflexiones realizadas en las clases de la disciplina “Buen Vivir e interculturalidad: interfaces entre universidad y comunidades”.Su objetivo esreflexionarsobre la intersección entremedio ambiente (amazónico) y los proyectos de educación ambiental y social presentes en la actualidad en Brasil, destacando el Buen Vivir. Realizamos una investigación de carácter bibliográfico y describimos los momentos construidos en la disciplina. Las amarras psicológicas, socioculturales, políticas e institucionales que engrosan nuestros modos de vida en los patrones europeos como referencia, atraviesan el campo educativo en un ciclo recursivo, entre sociedad y escuela, donde los profesores y profesoras - y demás sujetos de la comunidad escolar - pueden ser reproductores de relaciones sociales marcadas por el racismo. En ese sentido, quedó claro que se trata de un proceso dinámico y continuo de rupturas y radicalización de las luchas en el interior de la escuela. Al pensar en un movimiento de descolonización de nuestras mentes y cuerpos, de saberes y modos de vida, es imprescindible que revisemos la historia y la re-contamos bajo otra perspectiva que la del colonizador. Eso significa construir otras narrativas que nos permitan rehacer nuestra cosmovisión y nos lleve a un movimiento de prácticas sociales en que negros e indígenas, por ejemplo, protagonizan la dinámica de nuestra sociedad. 

Palabras claves: Buen Vivir; interculturalidad; ambiente; educación.


Texto completo:

PDF

Referências


ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. 2. ed. Elefante. 2015. Disponível em: https://rosalux.org.br/o-bem-viver-uma-oportunidade-paraimaginar-outros-mundos/. Acesso: 20 jan. 2022.

ARIAS, Patricio Guerrero. CORAZONAR. Uma antropologia comprometida com la vida. Quito, Ecuador: Abya Yala, Universidad Politécnica Salesiana. 2010.

CANDAU, Vera Maria Ferrão; RUSSO, Kelly. Interculturalidade e educação na américa latina: uma construção plural, original e complexa. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 10, n. 29, p. 151- 169, jan./abr. 2010.

CARMO, Débora Kátia Ferreira do; OLIVEIRA, Ivaneide Apoluceno de; MAIA, Márcia Maria de Oliveira. A interculturalidade na educação freireana: o diálogo como estratégia pedagógica. In: FLEURI, Reinaldo Matias; OKAWATI, Juliana Akemi Andrade (org.). Pedagogias e narrativas decoloniais. Curitiba: CRV, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/227939/00_lo_2021_FLEURI-OKAWATI-CRV-Pedagogias%20 e%20narrativas%20decoloniais.pdf?sequence=1 Acesso em: 9 fev. 2022.

DOMINGUES, Camila Alessandra. Educação intercultural, inclusão e o discurso neoliberal na educação contemporânea. In: FLEURI, Reinaldo Matias; OKAWATI, Juliana Akemi Andrade (org.). Pedagogias e narrativas decoloniais. Curitiba: CRV, 2021. Disponível em: https:// repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/227939/00_lo_2021_FLEURI-OKAWATICRV-Pedagogias%20e%20narrativas%20decoloniais.pdf?sequence=1 Acesso em: 9 fev. 2022.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 2013.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GONZALEZ, Lélia. De Palmares às escolas de samba, tamos aí. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (org.). Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2020.

GUIMARÃES, Mauro. Por uma educação ambiental crítica na sociedade atual. Brasília: UFRJ, 2006.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

MARTINS, Juliana Claudia Leal. O Trabalho do Enfermeiro na Saúde Indígena: desenvolvendo competência para atuação no contexto intercultural. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017,

MILANEZ, Felipe, VIDA, Samuel. Pandemia, racismo e genocídio indígena e negro no Brasil: coronavírus e a política de extermínio. Grupo de trabalho. Clacso. Jun 2021. Disponível em: https://www.clacso.org/pandemia-racismo-e-genocidio-indigena-e-negro-no-brasilcoronavirus-e-a-politica-de-exterminio/. Acesso em: 14 jan. 2022.

OLIVEIRA, Thiago et al. Pra que serve a antropologia em tempos de Covid? Cadernos de Campo (São Paulo, online), vol.29, (suplemento), USP 2020, p.1-15. Disponível em: https:// www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/issue/view/11526. Acesso em: 04 fev. 2022.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: Clacso, 2005.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (orgs.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 93.

SANTOS, Antônio Luís Parlandin dos; SILVA JUNIOR, Washigton Luiz Pedrosa da EDUCAÇÃO AMBIENTAL E NÃO-NEOLIBERAL: enfrentamentos, tensionamentos na formação da/o educador/a ambiental e em sua prática pedagógica. In: ARAÚJO, Maria Ludetana; SANTOS, Antônio Luís Parlandin dos; MUHALA, Valdemiro (org). Educação ambiental e práticas pedagógicas interculturais e decoloniais na Amazônia: entre o local e o global. Belém: Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental na Amazônia – GEAMAZ/ICED/ UFPA, 2022.

SASSEN, Saskia. Sociologia da Globalização. Porto Alegre. Artmed. 2010. (p. 7-41 e p.113- 177).

WALSH, Caterine. Interculturalidade crítica e Pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, V. M. (org.) Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009


Apontamentos

  • Não há apontamentos.