Tecnologias de governo na gestão de uma população indígena em situação de deslocamento forçado: entre a proteção e o controle da infância Warao
Resumo
Neste artigo, a partir de um episódio que envolve a retirada compulsória de uma criança Warao dos braços de sua mãe por uma conselheira tutelar, busco refletir sobre a dimensão moral que perpassa as tecnologias de governo empregadas para administrar e regular a presença de uma população indígena em situação de deslocamento forçado dispersa por inúmeras cidades brasileiras. O fato ocorreu em 20 de julho de 2017, na cidade de Belém (Pará), quando a criança acompanhava a mãe na venda de artesanato na rua. Para a análise, utilizo-me de documentos que compuseram o processo judicial interposto à Vara da Infância e Juventude pela Defensoria Pública do Estado (DPE) a fim de que o poder familiar fosse restituído; discorro sobre a retórica de proteção das crianças, chamando a atenção para sua aplicação unilateral com a finalidade de criminalizar as famílias Warao; e, por fim, reflito sobre a economia moral da infância e seus efeitos sobre esse segmento específico da população refugiada em nosso país. Esse conjunto de elementos, como veremos, indica que a gestão da infância Warao no Brasil transita entre a proteção e o controle desses sujeitos e de suas famílias – esse último, note-se bem, comumente disfarçado de proteção.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazonica.v14i2.12585
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