Editorial
É com prazer que entregamos aos leitores brasileiros e internacionais o primeiro número de Amazônica. O adjetivo Amazônica se relaciona a tudo o que é nativo da região, como a Revista. A idéia por trás da criação de uma Revista de Antropologia focada na Amazônia é simples: reunir cientistas que trabalham nos diferentes países que fazem parte da Pan-Amazônia, debatendo as maneiras pelas quais os seres humanos em sociedade tem lidado com os desafios encontrados na floresta tropical através dos tempos.
Nós, editoras e corpo editorial, assim como muitos daqueles interessados em observar as particularidades da experiência humana em ambientes tropicais compreendem tal tarefa como interdisciplinar por excelência. Durante o século XX, assistimos à disciplina ser dividida em diversos campos e ser albergada em diferentes departamentos em inúmeras instituições, fato que pode ter colaborado com a nossa capacidade de aprofundar o estudo de determinados assuntos, mas por outro ângulo prejudicou nossa habilidade de pensar a maioria dos problemas envolvendo grupos humanos a partir da abordagem interdisciplinar e o fôlego que os mesmos requerem. Por essas razões, além de ser um forum para debater a pesquisa antropológica nos clássicos quatro campos – sociocultural, arqueológico, biológico e lingüístico – Amazônica pretende encorajar a criação de cursos de graduação e pós-graduação nos quatro campos da Antropologia.
O primeiro passo em direção à construção de uma maneira mais integrada de fazer Antropologia foi dado quando organizamos, juntamente com nosso colega, Dr. Hilton P. Silva, o Simpósio Internacional Antropologia em Foco: Campos Interdisciplinares para o Estudo do Outro, que teve lugar nos dias 25 e 26 de setembro de 2008 na Universidade Federal do Pará, em Belém, Brasil. Naquela ocasião, um grupo de professores da UFPA, juntamente com alguns antropólogos brasileiros e norte-americanos renomados discutiram o fazer Antropologia nos quatro campos, além da proposta de criação de um curso de pós-graduação, nesses moldes, na UFPA. Dois dos trabalhos apresentados naquela ocasião, pelos conferencistas convidados, Dr. Francisco M. Salzano e Dr. William Balée, fazem parte desse primeiro número de Amazônica, onde os autores discutem a construção da Antropologia, enquanto disciplina, no Brasil e nos Estados Unidos.
Esse número traz sete artigos originais, um relatório de pesquisa, um belo ensaio fotográfico e outras menores, mas não menos importantes contribuições, como notícias de pesquisas em andamento, resenhas de livros e resumos de teses e dissertações. Os autores são tanto jovens como experientes antropólogos de diversas nacionalidades e sub-disciplinas antropológicas, escrevendo em quatro línguas distintas, ajudando-nos a lembrar que a Antropologia não deve respeitar barreiras em busca por um amplo entendimento do outro.
Finalmente, gostaríamos de expressar nossa gratidão à incrível comissão editorial, aos editores assistentes, e a diversos pareceristas anônimos que, juntos, selecionaram os artigos e contribuições que agora apresentamos, assim como agradecemos carinhosamente a todos que contribuíram com seus trabalhos, tornando possível nossa primeira edição.
Denise P. Schaan & Jane F. Beltrão
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