OLHARES INTOLERANTES: CONFLITOS NA PERCEPÇÃO SOBRE SAÚDE, CURA E ASSISTÊNCIA ENTRE AS MEDICINAS OCIDENTAL E INDÍGENA
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo perceber os conflitos existentes entre a medicina ocidental e as medicinas ou terapias indígenas. A primeira, refere-se ao modelo implementado nas estruturas do estado brasileiro, ou seja, das unidades de saúde aos hospitais, sendo aquela que é oferecida na assistência pública ou nos serviços privados. A segunda, por sua vez, é oriunda de saberes locais, sendo utilizada entre os membros de cada etnia indígena, com práticas e representações mais particulares. As relações etnocêntricas aparecem na análise não como fenômeno orientador, ou como eixo explicativo dos conflitos entre saberes distintos, visto que as realidades apontam para outras interpretações para além de apenas um estranhamento intercultural. A partir do discurso obtido nas narrativas dos agentes envolvidos - profissionais de saúde (indígenas e não-indígenas) e usuários (indígenas), observa-se uma desmistificação das representações que, de alguma forma, têm se reduzido apenas à discussão sobre o processo de saúde e doença, procurando apreender as estratégias utilizadas pelas sociedades indígenas e o nível de compreensão dos profissionais de saúde sobre as referências étnicas, para melhor planejar as políticas públicas de saúde destinadas aos indígenas. Analisa-se a supremacia da biomedicina dentro do campo da medicina ocidental demonstrando que os conflitos não decorrem, necessariamente, da relação entre cosmologias distintas.
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