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A doença falciforme na Amazônia: as intersecções entre identidade de cor e ancestralidade genômica no contexto paraense

Ariana Kelly Leandra Silva

Resumo

A Doença Falciforme (DF ou Hb SS) é a síndrome genética mais prevalente em todo o mundo. Na Amazônia, estado do Pará, o grupo homozigoto
com Hb SS representa cerca de 1% da população, que convive com vulnerabilidade biossocial relacionada à “raça/cor” e às manifestações
clínicas severas e de difícil tratamento da DF. Pesquisamos as categorias biológicas (genéticas) e culturais (raça/cor) de pessoas diagnosticadas com
Hb SS, confrontando as intersecções de Identidade Social (IS) e Ancestralidade Genômica (AG), e analisando a condição biocultural dos sujeitos. Investigamos 60 pessoas com DF no estado do Pará. Foram coletadas amostras de sangue na Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará (HEMOPA/Belém) e realizados testes de Ancestralidade Genômica autossômica no Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM), da Universidade Federal do Pará (UFPA),
onde usamos 62 Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIM) via Proteína C-Reativa (PCR) multiplex no sequenciador ABI Prism (Prisma de Biossistemas Aplicados) 3130 e software v.3.2 GeneMapper ID. Realizamos pesquisa de campo de caráter etnográfico e entrevistas semiestruturadas, após a entrega dos resultados dos laudos de AG. No corpo da tese, utilizamos um texto integrador com quatro artigos científicos:
o primeiro artigo descreve a epidemiologia da DF no Pará, referido como a introdução da tese; o segundo trata sobre os preconceitos e os determinantes sociais da saúde vivenciados por pessoas com DF, o problema investigado; o terceiro demonstra as questões de renda/cor e
qualidade de vida dos indivíduos pesquisados; e o quarto aborda as manifestações clínicas da DF e as intersecções entre a identidade de raça/cor e a Ancestralidade Genômica no estado do Pará. O estudo foi embasado na identificação do processo de racialização da DF como um Determinante Social da Saúde (DSS), concebida como uma “doença que vem do negro” na Amazônia. Concluímos que é importante analisar os padrões epidemiológicos da população brasileira partindo de suas características etnicorraciais, devido à presença africana, europeia e indígena marcante na região amazônica, em especial, em grupos com
uma doença genética crônica. As manifestações clínicas da DF podem ser mensuradas de acordo com os dados de ancestralidade genômica e
autodeclaração de raça/cor, em se tratando de diferenças que envolvem o DNA, o gênero/sexo, a idade e a renda familiar, todavia, apenas o status socioeconômico e as características de ascendência genética não conseguem responder sobre a heterogeneidade da sintomatologia da DF,
e devem ser levados à análise de polimorfismos associados a esses eventos.

 


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazonica.v11i2.5755



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