Soprando palavras: notas e impressões acerca das memórias de Koko Tavi
Resumo
O presente artigo trata das nuances do processo de transcrição das memórias de Koko Tavi (Manoel Firmino), liderança indígena Galibi Marworno do alto rio Uaçá, Oiapoque, Amapá, Brasil. O memorialista indígena legou ao presente um acervo material de escritos, fotos e gravuras que permanecem sob a salvaguarda da família do falecido. Desde o ano de 2020, com o acesso consentido por Gildo Firmino Nunes, neto de Tavi, temos realizado um cuidadoso processo de transcrição de dois cadernos do sobredito acervo, sob os auspícios institucionais da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) através do Projeto “Diários Índios: escrutínio, salvaguarda e publicação de memórias e manuscritos indígenas na região do Baixo Oiapoque”, esta ação congrega pesquisadores indígenas e não indígenas em um esforço para garantir que as palavras de Koko Tavi sejam difundidas para outros lugares, questionando perspectivas históricas consolidadas e exemplificando um processo inventivo de apropriação da língua hegemônica – no caso, o português brasileiro imposto pelos agentes indigenistas – e sua mediação para a concretização de um processo de representação autóctone. Desse modo, o presente artigo comunica as ações de projeto de salvaguarda dos manuscritos, trazendo à lume algumas das opções utilizadas durante o processo de transcrição.
Palavras-chave: Transcrição; Povo Galibi Marworno; Memória e História Indígena.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v8i1.18944
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