MEMÓRIAS E SENTIDOS DA TERRA PRETA NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE BOM JARDIM / SANTARÉM - PARÁ
Resumo
O presente estudo objetiva apresentar as características morfológicas, uso e as noções que os agricultores dão à terra preta existente na comunidade de remanescentes do quilombo de Bom Jardim, localizado na Cidade de Santarém no Estado do Pará. A área em estudo é um sítio de terra preta, onde existe aproximadamente 82 famílias. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, tendo uma abordagem qualitativa de caráter descritivo/exploratório. O instrumento para a coleta de dados ocorreu por meio de observações diretas na área de estudo e entrevistas com agricultores quilombolas. Nesse contexto, notou-se que o solo de terra preta nesta comunidade está associado às práticas agrícolas há aproximadamente 60 anos o que ocasionou uma intensa aproximação com esse tipo de solo e sua composição material- artefatos arqueológicos- que por sua vez geram novos sentidos sobre o solo. A forma de manejá-lo é transmitida às gerações seguintes e carregam consigo funções e sentidos criados pela vivência dessas comunidades, seja pela atividade agrícola em si ou pelos sentidos que lhes dão por meio da experiênciação cotidiana que produzem histórias de “visagens” associados ao uso da terra preta que, lhes conferem um sentido de pertencimento ligados a este solo.
Palavras-chave: terra-preta; quilombo; morfologia do solo; usos e sentidos.
Texto completo:
PDFReferências
Amoroso, MR. 2001. Nimuendajú às voltas com a história. Revista de Antropologia. 44(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-77012001000200006.
Bezerra, M. 2011 “As moedas dos índios”: um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes, ilha do Marajó, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 6(1): 57-70
____. 2013. Os sentidos contemporâneos das coisas do passado: reflexões a partir da Amazônia. Revista de Arqueologia Pública 7: 107-122
Funes, E. 2005. Bom Jardim, Murumurutuba, Murumuru, Tiningú, Ituqui, Saracura, Arapemã. Terra de afroamazônias. Disponível em: https://cpisp.org.br/wp-content/uploads/2017/06/TerrasAfro-amazonidas.pdf
Kern D, Kampf N, Woods WI, Denevan WM, Costa ML, Frazão FJL, Sombroek W. 2009. Evolução do Conhecimento em Terra Preta de Índio. In As Terras Pretas de Índio da Amazônia: Sua Caracterização e Uso deste Conhecimento na Criação de Novas Áreas, ed. WG Teixeira, DC Kern, BE Madari, HN Lima, WI Woods, pp.72-81. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental.
Lepsch IF. 2002. Formação e Conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 178 p.
Lima ALC. 2013. Terra de Negro – Preta Terra: O Uso da Terra Preta como Instrumento de Fortalecimento da Identidade Quilombola de Santarém. Relatório do Programa de Bolsa de Iniciação Científica – PIBIC, Universidade Federal do Oeste do Pará –UFOPA (não publicado).
Moraes IP, Bezerra M. 2012. Na beira da faixa: Um estudo de caso sobre o patrimônio arqueológico, as mulheres e as paisagens na Transamazônica. In Arqueologia, Patrimônio e Multiculturalismo na Beira da Estrada – Pesquisando ao longo das Rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, Pará, org. DP Schaan. Belém: GKNoronha.
Neves EG. 2006. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Nimuendajú C. 2000. Cartas do Sertão de Curt Nimuendajú para Carlos Estevão de Oliveira. Apresentação de notas de Thekla Hartmann. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia; Assírio & Alvim.
Rebellato L. 2007. Interpretando a Variabilidade Cerâmica e as Assinaturas Químicas e Físicas do Solo no Sítio Arqueológico Hatahara – AM. Tese de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Arqueologia. Museu de Arqueologia e Etnologia – MAE, Universidade de São Paulo – USP.
Schann DP. 2012 Curt Nimuendajú: “O ser que cria ou faz o seu próprio lar”. In Arqueologia, Patrimônio e Multiculturalismo na Beira da Estrada – Pesquisando ao longo das Rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, Pará, org. DP Schaan. Belém: GKNoronha.
Schann DP, Lima MA. 2012. A Grande Expansão Geográfica dos Tapajó. In Arqueologia, Patrimônio e Multiculturalismo na Beira da Estrada – Pesquisando ao longo das Rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, Pará, org. DP Schaan. Belém: GKNoronha.
Silva FA. 2009. A etnoarqueologia na Amazônia: contribuições e perspectivas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 4(1): 27-37.
Smith NJH. 1980. Anthrosols and human carrying capacity in Amazonia. Annals of the Association of American Geographers 70(4): 553-566.
Troufflard, J. 2012. O que nos dizem as coleções da relação entre moradores e vestígios arqueológicos na região de Santarém, Pará? In Arqueologia, Patrimônio e Multiculturalismo na Beira da Estrada – Pesquisando ao longo das Rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, Pará, org. DP Schaan. Belém: GKNoronha.
Woods WI, Mccann JM. 1999. The Anthropogenic Origin and Persistence of Amazonian Dark Earths, In Yearbook 1999 - Conference of Latin Americanist Geographers. Editado por C Caviedes, Vol.25: 7-14. Austin: University of Texas Press.
DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v7i2.18965
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2025 Wagner Fernando da Veiga e Silva, Andrea Rabelo

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Caderno 4 Campos (C4C) © 2017 - criado por Discentes do PPGA/IFCH/UFPA, Ney Gomes e Daniel da Silva Miranda; atualizado em 2025, por Ewerton D. Tuma Martins para o Repositório de Periódicos da UFPA. Licenciado sob a Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
As/os autoras/es que publicam no Caderno 4 Campos (C4C) retêm os direitos autorais e morais de seu trabalho, licenciando-o sob a Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional que permite que os artigos sejam reutilizados e redistribuídos sem restrições, desde que o trabalho original seja citado corretamente, não sendo permitidos derivados ou adaptações do trabalho original.