ARQUEOLOGIA E TERRITÓRIO NO ALTO RIO GUAMÁ: as relações humanas com ocorrências arqueológicas no Município de Capitão Poço, Pará
Resumo
O objeto dessa pesquisa é analisar o uso da recordação/esquecimento do patrimônio cultural e material como ferramenta sociopolítica no processo de construção identitária e luta por territorialidade. Bem como a relação política/identitária e simbólica, através da memória coletiva do povo indígena Tenetehar-Tembé e o cemitério indígena. O povo Tenetehara-Tembé vive na Terra Indígena Alto Rio Guamá (TIARG), localizada na região nordeste do Estado do Pará, no Norte do Brasil. Desde a realocação que vivenciaram a partir de 1945, o povo Tembé vive do lado direito da margem do rio Guamá. A criação da TIARG se deu em um contexto de políticas de incentivo à ocupação da Amazônia por não-indígenas, pelo governo militar, em uma lógica capitalista de formação de propriedade privada, com a intenção de criar mão de obra no setor agropecuário, o que acabou gerando muitos conflitos no decorrer dos anos, até a contemporaneidade. O cemitério em questão está localizado onde os antepassados indígenas viviam anterior à realocação, e as lideranças indígenas atuais reivindicam a posse do território através da legitimação científica, na possibilidade de ser ao menos reconhecido como sítio arqueológico para que as políticas públicas possam proteger e preservar a memória do seu povo.
Palavras-chave: Etnografia Arqueológica; Arqueologia Amazônica; Alto Rio Guamá.
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DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v7i2.18968
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