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“NÃO É PORQUE ELA É ANGOLANA QUE NÃO PODE SER MUÇULMANA” conversão e islamofobia em Angola

Heloisa Maria Paes de Souza, Gabriel de Souza Maia

Resumo

O artigo tem como objetivo analisar os impactos experimentados por angolanas convertidas ao islã na Província de Luanda (Angola) a partir da perspectiva da islamofobia e suas derivações. Parte-se da concepção de que a conversão religiosa é um processo de passagem cultural entre diferentes tradições religiosas, no caso, do cristianismo para o islã. As narrativas de muçulmanas convertidas foram coletadas em entrevistas e conversas informais entre os anos de 2016 e 2018, onde percebe-se que o processo da conversão é vivenciado em um contexto islamofóbico, agravado por discursos e práticas de governos e mídias do Norte Global que, em parte, são reproduzidos em países do Sul Global. Verifica-se que em Angola a islamofobia é praticada pelo Estado e por integrantes da sociedade local, tendo como foco principal muçulmanas que usam o hijab em seu cotidiano, sendo que as muçulmanas convertidas são parte significante desse grupo. Conclui-se que essas mulheres entendem que a opressão das quais são vítimas não se dá pela religião, mas é fruto da discriminação, pois no imaginário angolano, o islã é uma religião estrangeira, avessa à cultura nacional.

Palavras-chave: Islamofobia; Mulheres Muçulmanas; Conversão Religiosa; Angola.


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DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v6i1.19025

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