POR MULHERES NORTISTAS EXECUTIVAS E NÃO EXECUTADAS Uma Análise das Práticas Discursivas da Violência de Gênero nas Seletivas Estaduais para o Duelo MC’s Nacional 2020
Resumo
Este trabalho objetiva analisar discursivamente enunciados com sobreposições de gênero, raça e classe nas Seletivas Estaduais para o Duelo de MC’s Nacional 2020. Tem como recorte as batalhas de rima na qual participaram MC’s mulheres (trans, travestis e cis) da região norte. E considerando que, devido à pandemia, as atividades artístico-culturais do coletivo Família de Rua – organizadores do Duelo MC’S Nacional – foram (re)formatadas para os contextos digitais. A metodologia aplicada foi a dos Estudos Feministas Interseccionais e da Análise do Discurso com a intenção de produzir uma sensibilidade analítica das vivências enunciadas pelas MCs na apresentação pessoal e nas rimas e de compreender as possibilidades de trânsitos políticos de mulheres racializadas/es e dos impedimentos operados pelo controle do gênero, da sexualidade, do conhecimento e da subjetividade nas batalhas de MCs. Assim, como apontado pelas autoras feministas, nas batalhas de rap, tal qual outros lugares de produção cultural, a violência de gênero se encontra indissociada da constituição dos afetos concebidos como parte da normalidade social (Segato 2003; Gonzales 2020 e Akotirene 2019) e a matriz colonial de poder mantém estruturas fundantes do racismo e do sexismo como fontes (des)contínuas da subjugação e silenciamento de populações racializadas, em especial de mulheres negras (trans, travestis e cis).
Palavras-chave: Análise do Discurso; Movimento hip hop; Decolonialidade; Interseccionalidade.
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DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v6i1.19026
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