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DA “PRÉ-HISTÓRIA” À “HISTÓRIA”: SOBRE AS BUSCAS ARQUEOLÓGICAS NO AMAPÁ NO FINAL DO SÉCULO XIX

Queiton Carmo dos Santos

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir a ideia de pré-história sancionada pelos discursos de ciência no século XIX, a partir da coleta de materiais arqueológicos na Guyana Brasileira, atual Amapá, Amazônia. Essas coletas foram coordenadas pelo naturalista Emílio Goeldi, diretor do Museu Paraense de História Natural e Etnografia. O mesmo esteve envolvido com a elaboração de narrativas sobre um passado com fundamentação no material arqueológico, o que leva ele a designar a capacidade de profundidade temporal das antigas sociedades indígenas de ocupação no Brasil. Assim, problematizar a noção de “pré-histórico” em relação ao que era considerado “histórico” dentro dessas narrativas tensiona até nos dias de hoje marcadores temporais críticos
elaborados para a arqueologia. Conclui-se que essa ideia naturalizou violências empreendidas por um único modo de ver outras culturas e o próprio sentido do tempo dentro de uma cronologia unilinear.

Palavras-chave: História da Arqueologia; Amapá; Amazônia.


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DOI: http://dx.doi.org/10.1852/c4c.v5i1.19042

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