Cadernos CEPEC

TRABALHO E RENDA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS ESTABELECIDOS POR AGRICULTORES FAMILIARES NA AMAZÔNIA ORIENTAL

Daniel C. Francez, Leonilde dos Santos Rosa

Resumo

Os sistemas agroflorestais (SAFs), quando planejados, proporcionam vantagens socioeconômicas em comparação aos monocultivos agrícolas tradicionais, praticados na agricultura familiar. Tendo isso em vista, a pesquisa avaliou a ocupação da mão de obra familiar e a geração de renda em 34 experiências de SAFs estabelecidos em 17 unidades familiares em Nova Timboteua, Pará no ano de 2009. Os dados foram coletados com auxílio de entrevista estruturada, observação direta e calendário agrícola. A renda foi avaliada por meio dos indicadores renda média mensal (RMM) e remuneração da mão-de-obra familiar (RMOF). Os resultados mostraram que as frutíferas são as espécies preferenciais dos agricultores familiares locais. Os SAFs fornecem multiprodutos destinados principalmente à comercialização. Estes sistemas participam de maneira secundária na ocupação da mão-de-obra familiar, havendo diferenças na divisão das tarefas entre os membros da família, pois o homem detém maior domínio e controle das decisões na economia familiar. O manejo do apiário em capoeira melhorada foi a atividade com a maior demanda de diárias, enquanto aplicação de defensivos foi a que exigiu menor demanda. Na percepção dos agricultores o trabalho nos SAFs tende a ser menos laborioso, comparado a outras atividades agrícolas, como a lavoura temporária e a pecuária. A maioria dos SAFs analisados apresentou receita líquida e renda média mensal positiva, assim como remuneração da mão-de-obra familiar superior ao custo de oportunidade da mão-de-obra.


Palavras-chave

Remuneração, Força de Trabalho, Agroecossistema


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/cepec.v2i7-12.6864

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