Cadernos CEPEC

PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO SETORIAL À P&D NO BRASIL

André Luiz da Silva Teixeira, Igor Santos Tupy, Marco Flávio da Cunha Resende

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as diferenças setoriais no acesso ao crédito para gastos em Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil, enfatizando o papel da preferência pela liquidez neste processo. A base teórica do trabalho envolve tanto a abordagem de inovação Neo-Schumpeteriana quanto a perspectiva monetária e financeira Pós-Keynesiana. O exercício empírico é baseado numa análise de cluster setorial a partir da construção de um Quociente Setorial de Crédito (público e privado) a P&D, utilizando os dados da PINTEC 2008. Os resultados sugerem a existência de diferenças na preferência pela liquidez do sistema financeiro quando se considera os vários setores inovativos, relacionadas aos diferentes níveis de incerteza envolvidos nos respectivos processos de inovação e de acesso a crédito público. O trabalho conclui que tais diferenças podem explicar padrões desiguais de financiamento à P&D entre setores inovativos.


Palavras-chave

Sistema Nacional de Inovação; Preferência pela Liquidez; Crédito Setorial Inovativo.


Texto completo:

PDF

Referências


ALBUQUERQUE, E.M. Notas sobre a contribuição de Kenneth Arrow para a fundamentação teórica dos “sistemas nacionais de inovação”. Revista Brasileira de Economia, v. 50, n.2, p.227–242, 1996a.

ALBUQUERQUE, E.M. Estruturas financeiras, funcionalidade e sistemas nacionais de inovação: notas introdutórias sobre uma articulação necessária. Nova Economia, vol. 6, n.2, p.113-132, 1996b.

AMADO, A.M. Limites Monetários Ao Crescimento: Keynes e a Não Neutralidade da Moeda. Ensaios FEE, vol.21, n.1, p.44-82, 2000.

BELL, M.; PAVITT, K. Technological accumulation and industrial growth: contrasts between developed and developing countries. Industrial and Corporate Change, vol.2, n.2, p.157-211, 1993.

CARVALHO, F.J.C. Mr Keynes and the post Keynesians: principles of macroeconomics for a monetary production economy. Brookfield: Edward Elgar, 1992a.

CARVALHO, F.J.C. Moeda, produção e acumulação: uma perspectiva Pós Keynesiana. In: AMADO, A.M.; SILVA M.L.F. (org) Moedas e produção: teoria comparadas. Brasília, ed. UnB, 1992b.

COHEN, W.M.; LEVINTHAL, D.A. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly, vol.35, n.1. p.128–152, 1990.

COHEN, W.M.; NELSON, R.R.; WALSH, J.P. Links and Impacts: The influence of public research on industrial R&D”. Management Science, vol. 48, n.1, p.1–23, 2002.

CROCCO, M. The concept of degrees of uncertainty in Keynes, Shackle, and Davidson. Nova Economia, vol.12, n.2, p.11-27, 2002

CROCCO, M.; CAVALCANTE, A.T.M.; BRITO, M.L.A.; ALBUQUERQUE, E.M. Patentes e sistemas financeiros: um estudo exploratório para o Brasil. Revista Brasileira de Inovação, vol.7, n.2, p.367-407, 2008.

CROCCO, M. Technical change and formation of expectations. Metroeconomica, vol.59, n.2, p.276–304, 2008

CROCCO, M. Centralidade e hierarquia do sistema financeiro brasileiro. Nova Economia, vol.22, n.1, p.31–79, 2012.

DAVIDSON P. Colocando as evidências em ordem: macroeconomia de Keynes versus velho e novo Keynesianismo. In: LIMA, G.T.; SICSÚ, J.; PAULA, L.F., (orgs), Macroeconomia Moderna: Keynes e a economia contemporânea. Rio de Janeiro, Ed Campus, 1999.

DAVIDSON, P. Is Economics a science? Should economics be rigorous? Real-World Economics Review, vol.59, n.1, 2012.

DEQUECH, D. Incerteza num Sentido Forte: significado e fontes. In: LIMA, G.T.; SICSÚ, J.; PAULA, L.F., (orgs), Macroeconomia Moderna: Keynes e a economia contemporânea. Rio de Janeiro, Ed Campus, 1999.

DOSI, G. Finance, innovation and industrial change. Journal of Economic Behavior and Organization, vol.13, p.299-319, 1990.

HAIR Jr., J.F.; BLACK, W.C.; BABIN, B.J.; ANDERSON, R.E.; TATHAM, R.L. Análise Multivariada de Dados. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

IBGE. Pesquisa de Inovação Tecnológica 2008. Rio de Janeiro: Instituto Brasileira de Geografia e Estatística, 2010.

JOHNSON, R.A.; WICHERN, D.W. Applied Multivariate Statistical Analysis. Upper Saddle River: Pearson Prentice Hall, 6. Ed, 2007.

KAUFMAN, L.; ROUSSEEUW, P.J. Finding Groups in Data. New York: John Wiley & Sons, 1990.

KEYNES, J.M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Ed. Atlas, 1988.

KLEVORICK, A.K.; LEVIN, R.; NELSON, R.; WINTER, S. On the sources and significance of interindustry differences in technological opportunities. Research Policy, vol.24, n.1, p.185–205, 1995.

LANE, P.J.; LUBATKIN, M. Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management Journal, vol.19, n.5, p.461–477, 1998.

MAZZUCATO, M. The entrepreneurial state. London, Demos, 2011.

MAZZUCATO, M. Financing Innovation: Creative Destruction vs. Destructive Creation. Industrial and Corporate Change, vol.22, n.4, p.869–901, 2013.

MAZZUCATO, M.; WRAY, L.R. Financing the Capital Development of the Economy: A Keynes-Schumpeter-Minsky Synthesis. Working Paper, The Levy Economics Institute, n. 837, May 2015.

MINSKY, H.P. Stabilizing and unstable economy. New Haven, Yale University Press, 1986.

NELSON, R.R.; WINTER, S.G. Uma Teoria Evolucionária da Mudança Econômica. Campinas: Editora Unicamp, 2005.

O’SULLIVAN, M. Finance and Innovation. In: FAGERBERG, J.; MOWERY, D. C.; NELSON, R.R. (Org.). The Oxford Handbook of Innovation. New York: Oxford University Press, 2005.

OECD - Organization For Economic Co-Operation And Development. OECD science, technology and industry scoreboard. OECD, 2003.

PEREZ, C. Technological Revolutions and Financial Capital: The Dynamics of Bubbles and Golden Ages”. Edward Elgar: Cheltenham, UK, 2002.

PEREZ, C. Finance and Technical Change: A Neo-Schumpeterian Perspective. Working Paper, Cambridge Endowment for Research in Finance, Judge Business School, University of Cambridge, U.K., n. 14, 2004

RAPINI, M.S. Padrão de financiamento aos investimentos em inovação no Brasil. Texto para Discussão, CEDEPLAR/UFMG, n. 497, set. 2013.

RESENDE, M.F.C; AMADO, A.M. Liquidez Internacional e Ciclo Reflexo: Algumas Observações para a América Latina. Revista de Economia Política, vol.27, n.1, p.41-59, 2007.

ROMERO, J.P.; JAYME JR, F.G. Financial System, Innovation and Regional Development: the relationship between liquidity preference and innovation in Brazil. Review of Political Economy, vol.24, p.623-642, 2012.

ROMERO, J.P. Mr. Keynes and the neo-Schumpeterians: Contributions to the analysis of the determinants of innovation from a post-Keynesian perspective. Economia (Brasília), vol.15, p.189-205, 2014.

WONGLIMPIYARAT, J. The dynamics of financial innovation system. The Journal of High Technology Management Research, vol. 22, n.1, p.36–46, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/cepec.v8i2.8321

Apontamentos

  • Não há apontamentos.