Construções relacionais de fingimento e sua natureza semântico-pragmática disfórica/eufórica

Resumo

Este artigo se concentra em analisar/descrever, no português brasileiro, os aspectos semântico-pragmáticos do predicativo atributivo da construção relacional de fingimento [Suj+Vrel(+uma)+Predt]?[estado fingido] (Rodrigues-Pinto, 2021) cujo slot verbal, aqui, é preenchido por dar e pagar, como em Ele deu uma de bonzão; Ela paga de santinha. Acredita-se que o núcleo do predicativo formado por SN e SAdj apresenta função semântico-pragmática de natureza disfórica ou eufórica, a depender do contexto, considerando a intersubjetividade expressa na construção. Assume-se, para tanto, o quadro teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso (Kemmer; Barlow, 2000) em interface com a Gramática de Construções de Goldberg (1995; 2006), pertinente ao estudo por compreender a língua como um pareamento de forma/significado, uma vez que se estabelece uma inter-relação no tratamento desses dois eixos. Além disso, o arcabouço teórico adotado amplia tais observações considerando mais efetivamente a dimensão contextual e sua relação com mecanismos cognitivos de domínio geral (Bybee, 2016).