Literatura e expressões das emoções: representações de violências contra a mulher em Desesterro, de Sheyla Smanioto
Resumo
Estudar as emoções como categoria analítica no âmbito das interrelações do campo literário com o sociológico pressupõe analisar as emoções das personagens que se materializam a partir das violências sofridas imbricadas aos contextos sociais experienciados por elas. Diante disso, percebemos que a obra Desesterro, de Sheyla Smanioto, proporciona esse olhar por meio da questão da violência contra a mulher. Nesse sentido, o objetivo deste artigo busca compreender como as ações de violências afetam emocionalmente as personagens denominadas Menina sem Nome e Maria de Fátima, pois as duas sofrem violências distintas no ambiente familiar. O aporte teórico está assentado em: Perrone-Moisés (2016), Candido (2014), Maffesoli (1987), Saffioti (2015), Le Breton (1999), Bericat Alastuey (2000), Koury (2003), Claudia Rezende e Maria Claudia Coelho (2010). A metodologia utilizada para realização desta pesquisa assentou-se quanto à natureza descritiva, pois teve como foco observar as emoções a partir do fenômeno da violência contra a mulher. A análise se deu por meio de revisão bibliográfica dialogando prioritariamente com o campo da Crítica Feminista e a Sociologia. Diante disso, foi possível compreender que a violência está estruturada na instituição família para as duas personagens femininas. No que concerne a Menina sem Nome, essa sofre por conta de que no seu nascimento a mãe morre e ela leva a culpa ao longo de sua vida, e no caso de Maria de Fátima a violência se dá dentro de sua casa por meio das agressões do seu marido. Logo, identificamos violências psicológicas e físicas substancializadas nas experiências das personagens que se apresentam por meio das emoções como culpa, vergonha e medo.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v0i66.17435