MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

Que delícia de mulher! – A brasileira na literatura dos oitocentos

Andreia Alves Monteiro de Castro

Resumo

Na literatura oitocentista, produzida tanto em Portugal como no Brasil, é possível encontrar vários exemplos de associações entre determinadas formas, cheiros, sabores e cores à mulher brasileira, resultando em uma imagem estereotipada e hipererotizada. Em obras como Coração, Cabeça e Estômago (1861), de Camilo Castelo Branco, O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo e os Mysterios do Porto (1890-1891), de Gervásio Lobato, estas mulheres “mais quentes”, “abrasadas pelo escaldante sol dos trópicos”, estariam sempre dispostas a realizar todo e qualquer desejo masculino. Tal visão, difundida desde a colonização e profundamente marcada pelo racismo e pelo sexismo, também funciona como um fator de estigmatização, inferiorização e marginalização, uma vez que atribui às brasileiras certas características culturais, comportamentais e físicas que determinariam a sua maior disponibilidade sexual, especialmente, em relação aos europeus, cujos efeitos são sentidos até os dias de hoje.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v0i53.8234