A formação socioprodutiva da agricultura familiar amazônica: heterogeneidade social e diversificação produtiva no território paraense
Resumo
Estudos contemporâneos são fundamentais para atribuir visibilidade à agricultura familiar na Amazônia paraense. O objetivo deste artigo consiste em caracterizar a formação socioprodutiva (grupos sociais e atividades produtivas) da agricultura familiar na Amazônia paraense. O percurso metodológico deu-se por meio de pesquisa de campo e realização de entrevistas (semiestruturadas) com participantes-chave de instituições públicas e/ou organizações coletivas, com atuação destinada à agricultura familiar paraense, em diferentes territórios (municípios das mesorregiões) do Pará. A agricultura familiar paraense é marcada tanto por heterogeneidade social: povos indígenas, as comunidades quilombolas, a população ribeirinha, os extrativistas, os assentados da reforma agrária, os agricultores familiares, os pescadores artesanais e os acampados quanto por diversificação produtiva de origem vegetal, animal e artesanal: fruticultura, culturas temporárias, culturas permanentes, sistemas agroflorestais, extrativismo, criação de animais de pequeno porte, gado de leite, pesca artesanal (peixe e/ou camarão) e o artesanato do Matapi. Portanto, é impossível desconsiderar a complexidade que envolve a formação socioprodutiva nos territórios de vida: o campo paraense. Por isso, exige-se um desenvolvimento rural territorial e sustentável conforme a heterogeneidade e as potencialidades endógenas da Amazônia paraense.
Palavras-chave
agricultura familiar; grupos sociais; atividades produtivas; Amazônia paraense.
Texto completo:
PDFReferências
ASSIS, W. S.; HALMENSCHLAGER, F.; OLIVEIRA, M. Dinâmicas territoriais, projetos coletivos e as complexidades das áreas de fronteira agrária: o caso da região de Marabá, Pará. In: CAZELLA, A. A.; BONNAL, P.; MALUF, R. S. (org.). Agricultura familiar: multifuncionalidade e desenvolvimento territorial no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009. p. 167-192.
BIANCHINI, P. C. et al. Agricultura familiar, territórios e políticas públicas: diretrizes para uma agenda de pesquisa. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2016. 25 p.
CAPORAL, F. R. Aprendendo, fazendo e conhecendo. Agriculturas: experiências em agroecologia, Rio de Janeiro, v. 10, n. 03, p. 4-6, 2013.
COSTA, F. A. Trajetórias tecnológicas como objeto de política de conhecimento para a Amazônia: uma metodologia de delineamento. Revista Brasileira de Inovação, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 35-86, 2009.
COSTA, F. A. Elementos para uma economia política da Amazônia: historicidade, territorialidade, diversidade, sustentabilidade. Belém: NAEA, 2012. 468 p.
COSTA, F. A. Dinâmicas produtivas e inovativas: perspectivas para o desenvolvimento sustentável da Região Norte. In: SIFFERT, N.; CARDOSO, M.; MAGALHÃES, W. A.; LASTRES, H. M. M. (org.). Um olhar territorial para o desenvolvimento: Amazônia. Rio de Janeiro: BNDES, 2014. p. 282-321.
COSTA, F. A.; FERNANDES, D. A. Dinâmica agrária, instituições e governança territorial para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 517-552, set./dez. 2016.
FAVARETO, A. Paradigmas do desenvolvimento rural em questão. São Paulo: Iglu editora: FAPESP, 2007
FRIZO, P.; NIEDERLE, P. Da invenção da “fronteira” à crise das expectativas ficcionais sobre o desenvolvimento na região amazônica. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 23, n. 1, p. 35-58, 2020.
GRISA, C.; CALDAS, E. L.; AVILA, M. L. As compras públicas da agricultura familiar no Brasil: de onde veio essa ideia? In: SABOURIN, E.; GRISA, C. (org.). A difusão de políticas brasileiras para a agricultura familiar na América Latina e Caribe. 1. ed. Porto Alegre: Escritos, 2018. p. 54-88.
HOLANDA JUNIOR, E. V. et al. Ciência, tecnologia e inovação para a inclusão social e produtiva da agricultura familiar brasileira. In: BITTENCOURT, D. M. C. Estratégias para a agricultura familiar: visão de futuro rumo à inovação. Brasília, DF: Embrapa, 2020. p. 67-94.
HURTIENNE, T. Agricultura familiar e desenvolvimento rural sustentável na Amazônia. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 8, n. 1, p. 19-71, 2005.
MAZOYER, M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. Tradução Cláudia F. Falluh Balduino Ferreira. São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2010.
MELLO, D. G.; COSTA, F. A.; BRIENZA JÚNIOR, S. Mercado e potencialidades dos produtos oriundos de floresta secundária em áreas de produção familiar. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 12, n. 2, p. 137-148, 2009.
MIRANDA, C.; GUIMARÃES, I. (org.). Agricultura familiar: ruralidade, território e política pública/IICA, FÓRUM DRS. Brasília, DF: IICA, 2015. 280 p.
MIRANDA, K. et al. Perspectivas para a sustentabilidade pela agricultura familiar: Possibilidades para transição agroecológica. In: SOUSA; R. P.; SILVA, R. C.; MIRANDA, K.; AMARAL NETO, M. (org.). Governança socioambiental na Amazônia: agricultura familiar e os desafios para a sustentabilidade em São Félix do Xingu - Pará. Belém: Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB, 2016. p. 123-176.
OLIVEIRA, H. Agricultura familiar: repensando as políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável. In: MIRANDA, C.; GUIMARÃES, I. (org.). Agricultura familiar: ruralidade, território e política pública/IICA, FÓRUM DRS. Brasília, DF: IICA, 2015. p. 219-222.
PICOLOTTO, E. L.; MEDEIROS, L. S. de. A formação de uma categoria política: os agricultores familiares no brasil contemporâneo. In: DELGADO, G. C.; BERGAMASCO, S. M. P. P. (org.). Agricultura familiar brasileira: desafios e perspectivas de futuro. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2017. p. 344-368.
PIRAUX, M. et al. O futuro incerto da agricultura familiar na Amazônia brasileira: um desafio para territórios e políticas públicas. In: MIRANDA, C.; GUIMARÃES, I. (org.). Agricultura familiar: ruralidade, território e política pública/IICA, FÓRUM DRS. Brasília, DF: IICA, 2015. p. 85-92.
PLOEG, J. D. Dez qualidades da agricultura familiar. Revista Agriculturas: experiências em agroecologia, Rio de Janeiro, n. 1, p. 1-14, 2014.
SABOURIN, E. Reciprocidade e análise de Políticas Públicas rurais no Brasil. RURIS: revista do centro de estudos rurais, Campinas, v. 6, n. 2, 2012, p. 53-90.
SCHNEIDER, S.; NIEDERLE, P. A. Agricultura familiar e teoria social: a diversidade das formas familiares de produção na agricultura. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NETO, A. L. (ed.). SAVANAS: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais. Planaltina, DF, Embrapa Cerrados, 2008. p. 989-1014.
SERRA, A. B. Family farming in the Amazon: a dead end or the way ahead for sustainable development? A case study from the Trans-Amazon highway in Brazil. 2019. Thesis (Doctorate in Natural Resources) – Faculty of Environment and Natural Resources, Albert-Ludwigs Universität Freiburg, Breisgau, 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/339527176_Family_Farming_in_the_Amazon_a_dead_end_or_the_way_ahead_for_sustainable_development_A_case_study_from_the_Trans-Amazon_highway_in_Brazil. Acesso em: 27 maio 2020.
SILVA, L. M. S.; FEITOSA, L. L. Avaliação do estado de sustentabilidade das lógicas familiares de produção em São Felix do Xingu. In: SOUSA; R. P.; SILVA, R. C.; MIRANDA, K.; AMARAL NETO, M. (org.). Governança socioambiental na Amazônia: Agricultura familiar e os desafios para a sustentabilidade em São Félix do Xingu – Pará. Belém: Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB, 2016. p. 177-250.
SILVA, L. M.; FONSECA, L. C.; GOUVÊA, J. A diversificação como princípio essencial das agriculturas familiares na Amazônia Paraense. In: SOUSA, R. P.; COELHO, R. F. R.; ROSAL, L. F.; SUZUKI, J. C. (org.). Agroecologia: diálogos entre ciência e práxis em agroecossistemas familiares na Amazônia. São Paulo: FFLCH/USP, 2022. p. 142-179.
VANZIN, M. M.; KATO, O. R. A sustentabilidade e a gestão hídrica de sistemas agroflorestais em comunidades rurais familiares, no nordeste do Pará. Revista Agricultura Familiar: pesquisa, formação e desenvolvimento, Belém, v.11, n. 1, p. 17-38, 2017.
VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Revista Temáticas, Campinas, v. 22, n. 44, p. 201-218, 2014.
WANDERLEY, M. N. B. Agricultura familiar e campesinato: rupturas e continuidade. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 21, p. 42-61, 2003.
WANDERLEY, M. N. B. Que territórios, que agricultores, que ruralidades? In: CAVALCANTI, J. S. B.; WANDERLEY, M. N. B.; NIEDERLE, P. A. (org.). Participação, território e cidadania: um olhar sobre a política de desenvolvimento territorial no Brasil. Recife: Editora UFPE, 2014. p. 337-352
WANDERLEY, M. N. B. Reflexões sobre agricultura familiar e campesinato no Brasil e na França. In: SOUZA, O. T.; MIGUEL, L. A.; FLEURY, A. C.; BILLAUD, J. P.; ZANONI, M. (org.). Diálogos Contemporâneos Acerca da Questão Agrária e Agricultura Familiar no Brasil e na França. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2019. p. 37-51.
WANDERLEY, M. N. B.; FAVARETO, A. A singularidade do rural brasileiro: implicações para as tipologias territoriais e a elaboração de políticas públicas. In: MIRANDA, C.; SILVA, H. (org.). Concepções da ruralidade contemporânea: as singularidades brasileiras. Brasília: IICA, 2013. p. 413-472.
DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v27i2.15494
Indexadores
Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536