UM AMBIENTE CONSTRUÍDO? APORTES DA SOCIOLOGIA AMBIENTAL PARA REFLETIR A PRÁTICA DE FAZER SANEAMENTO NO BRASIL

Resumo

O artigo objetiva refletir sobre como os pressupostos da sociologia ambiental, sobretudo o debate entre as correntes do construcionismo social e do realismo, acerca dos problemas ambientais pode auxiliar na análise de como a política e projetos de saneamento básico são elaborados, bem como busca auxiliar em uma reorientação da política a partir da análise de dados obtidos em pesquisa de campo realizada, sobre a obra de macrodrenagem do Canal Lago Verde, afluente do Rio Tucunduba, junto às lideranças do Movimento Pró Lago Verde, na Terra Firme, bairro da cidade de Belém, Pará. Dessa forma, a metodologia, de cunho qualitativo, envolveu a revisão de referências da Sociologia Ambiental (ALMEIDA; PREMEBIDA, 2014; GUIVANT, 2002; HANNIGAN, 2009; MATTEDI, 2015) e do saneamento básico (SOUZA, 2015, BORJA, 2016; REZENDE; HELLER, 2008). A partir do histórico da política a nível nacional e reflexão sobre as tendências e características que baseiam muitas práticas da engenharia, principal área que concretiza o saneamento, atesta-se que a perspectiva construcionista da sociologia ambiental, que compreende as preocupações com o meio ambiente como resultado de construções políticas, culturais, sociais, econômicas pode e deve se articular aos preceitos que o realismo abraça, isto é, de analisar fatos concretos que se desdobram mediante uma série de acontecimentos, independentes da suposição que se faz deles. A vertente realista teve como principais expoentes os acadêmicos Dunlap e Catton, criadores do Novo Paradigma Ecológico, NEP, que visava o estudo das relações entre meio ambiente e sociedade. Assim, conclui-se que devem ser considerados os repertórios e narrativas construídas pela sociedade acerca da noção de saneamento, pois estes refletem as próprias representações sobre sociedade e natureza, que se encontram intimamente entrelaçadas em tal política.