Lições não aprendidas: hidrelétricas, impactos ambientais e política de recursos hídricos (Paper 239)
Resumo
Os impactos socioambientais causados pela construção de hidrelétricas têm sido objetos de investigação de várias áreas do conhecimento. No tocante à dimensão antrópica, estudos das mais diversas áreas que compõem as humanidades, buscam identificar os desdobramentos produzidos nas relações sociais dos grupos que internalizam as externalidades originadas por projetos voltados à produção de energia a partir da utilização dos recursos hídricos. Esta opção de geração de energia impõe a grupos sociais, graus significativos de desagregação, espoliação e anulação de direitos civis, pois os mesmos não dispõem de recursos de poder para imprimir suas demandas e especificidades na agenda que define a matriz energética do país. Este trabalho tem como objetivo, acrescentar à agenda ,de discussões acerca de barragens uma reflexão sobre os rumos tomados pela Hidrelétrica de Tucuruí no que tange à população que ocupa suas margens. A proposta do trabalho é demonstrar a intensa mobilidade ocorrida na ocupação das margens e das ilhas criadas com a represa e descrever o lago como uma nova fronteira de recursos naturais. Na perspectiva política e social, busca-se apresentar o mundo hobbesiano que se desenha no território onde se situa a barragem, pois, do ponto de vista do pacto federativo e da regulamentação referente à geração de energia hidrelétrica, a área compreendida pelo lago deveria apresentar níveis satisfatórios de regulação de propriedade da terra e eficiência de políticas públicas decorrentes da coordenação entre os entes federativos que compõem a área compreendida pelo lago de Tucuruí. Na pesquisa de campo que originou este artigo, identificaram-se novas relações sociais marcadas pela inserção de um contingente novo de moradores no entorno do Lago à procura da pesca como fonte de renda. Ignorados pelo Estado, esses atores têm uma percepção particular acerca dos recursos hídricos que redimensiona a relação entre estes e as diversas escalas institucionais que operam no território compreendido pela hidrelétrica, imprimindo à realidade social vivida pelos grupos que ali se situam, marcas de pré-modernidade.
Palavras-Chave: Barragem. População. Relações sociais.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/papersnaea.v18i1.11393
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