Território, conhecimento tradicional e sobrevivência: análise do caso do Povo Arara (Karib) da TI Cachoeira Seca (Paper 576)
Resumo
No Brasil, para justificar a imposição a apropriação do território e da biodiversidade com projeção econômica, muitas das iniciativas oficiais têm sido acompanhadas de discursos desfavoráveis para os povos indígenas e tradicionais, relacionados com “território vazio” ou habitado por “despossuídos de conhecimento útil para a civilização”. O caso do povo Arara da Terra Indígena Cachoeira Seca exemplifica essa situação. O objeto deste artigo é analisar as informações documentais sobre o território de perambulação dos Arara, os relatos da memória coletiva sobre o contato com os karei (não indígenas). Conclui-se que a área escolhida para a construção da Transamazônica BR-230 não era um território vazio e sim ocupado historicamente pelos grupos Arara. Também se reflete sobre a construção de estratégias do conhecimento tradicional para a dispersão dos grupos no território e para o aproveitamento dos recursos da biodiversidade, que prioriza a sazonalidade e a produtividade das espécies para a alimentação e sobrevivência. Discute-se sobre a importância destas elaborações do conhecimento tradicional para diferentes campos do conhecimento científico e do ideário da sustentabilidade, em oposição às lógicas de desenvolvimento que priorizam o lucro econômico e desatendem os impactos socioambientais. Em tempos de mudanças climáticas e crise ambiental, esse desatendimento afeta tanto os direitos constitucionais desses povos indígenas, quanto os direitos ambientais da sociedade brasileira. As informações apresentadas fazem parte da dissertação de doutorado, no programa de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (NAEA/UFPA), intitulada “Tjinam Idybry gap pom mo” (Nosso Território com morro grande)”: histórias, memória coletiva e percepções sobre o território e a biodiversidade entre os arara (Karib) da TI Cachoeira Seca.
Palavras-chave: TI Cachoeira Seca. Povo Arara. Uso do território. Transamazônica. UHE Belo Monte.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/papersnaea.v1i1.17468
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