Os laços entre Cinema e Educação, no Brasil, remetem à década de 1920. Um dos marcos nesse sentido trata-se do relatório, de 1927, escrito pela Comissão de Cinema da Associação Brasileira de Educação (ABE), contendo restrições, prescrições e recomendações sobre “os usos e os efeitos dos filmes”. Momento, no país, marcado também pelo início das produções denominadas de filmes didáticos, ou fitas instrutivas, e das discussões que resultaram a partir dos anos 1930 na constituição de políticas estatais, como a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Em 26 de junho de 2014, esse laço entre o Cinema e Educação foi reforçado ainda mais no âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) ao ser acrescentado, por meio da Lei nº 13.006, o inciso 8º ao Art. 26, que tornou obrigatória a exibição de filmes de produção nacional nas escolas de educação básica – mesmo que depois de mais de uma década ainda se aguarde, em 2025, pela regulamentação dessa Lei. Nessa trajetória de acontecimentos também se constituíram diversas compreensões acerca das interfaces entre o Cinema e a Educação, que permanentemente têm reiterado a relevância dessa articulação. Tais compreensões consideram o encontro do cinema com a educação com todas suas potencias de invenção de mundo. Ainda reconhecem suas reverberações pedagógicas, voltadas aos diversos níveis de ensino, como dispositivo epistemológico capaz de motivar a reflexão crítica e a criação. Também evidenciam a necessidade de integrar, nos ambientes escolares e universitários brasileiros, dimensões criativas da linguagem cinematográfica, bem como de promover a formação de crianças e jovens para a análise crítica e inventiva das imagens. Diante desse cenário conceitual-epistemológico diverso, e ao mesmo tempo político e histórico, é que propomos o Dossiê Temático CINEMA BRASILEIRO E EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS TEÓRICO-PRÁTICAS PARA ENSINO-APRENDIZAGEM. O dossiê tem como objetivo reunir saberes e fazeres sobre a dimensão educativa do cinema, contribuindo, assim, para a problematização e o aprofundamento das discussões sobre a introdução do cinema e o uso de filmes nacionais em espaços de educação e nas grades curriculares das escolas brasileiras.
Sugestões para as abordagens: - As Historiografias das interfaces entre Cinema e Educação. - Fundamentos do caráter educativo do cinema brasileiro. - Experiências cinematográficas nas escolas e universidades brasileiras. - O cinema brasileiro como imaginação e descobertas na educação básica. - As potencialidades formativas do cinema. - A formação específica em cinema para professores no Brasil. - Os desafios do acesso à cultura cinematográfica nas escolas brasileiras. - Programa Nacional de Cinema nas Escolas e o acesso às Políticas de Inclusão e de promoção ao Audiovisual no Brasil. - O cinema brasileiro em sala de aula como possibilidade de educação multicultural, antirracista, decolonial e anti-LGBTfobia. - As possibilidades advindas das plataformas de streaming e de VOD para o ensino brasileiro. - Os processos formativos nos cursos de graduação de Artes para a promoção do cinema e audiovisual na educação básica. - Atividades e ações educativas em espaços não-formais voltadas ao cinema brasileiro. O Comitê Editorial proponente deste Dossiê Temático é composto por: Adriana Mabel Fresquet, professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Ana Cláudia da Cruz Melo, professora associada do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará (UFPA); Rogério de Almeida, professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP).
Submissões até 06 de abril de 2026. Informações no site da revista: https://periodicos.ufpa.br/index.php/ppgartes/index Contato pelo e-mail: revista.arteriais@gmail.com |





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