Cabeçalho da página

A RELAÇÃO DIALÉTICA DA HUMANIDADE COM A NATUREZA E A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO MEIO AMBIENTE

Norbert Fenzl

Resumo

Este trabalho analisa a construção do Meio Ambiente como produto da relação dialética entre a Sociedade e a Natureza não humana, determinado, portanto, pelo modelo de organização socioeconômica e cultural. Historicamente, a relação sociedade-natureza também foi influenciada por atividades climáticas e geológicas extremas, provocando movimentos migratórios e guerras para garantir o acesso à energia e aos recursos naturais. O surgimento dos impérios coloniais europeus iniciou uma nova qualidade de exploração econômica e social em escala mundial e, o Meio Ambiente tornou-se global. A dominação global colonial/neocolonial é intrinsecamente baseada (i) na apropriação voraz e barata dos recursos naturais e energéticos, através da dominação militar e financeira, (ii) na exploração brutal de escravos, mulheres e trabalhadores, e (iii) na produção de externalidades negativas em escala global. Em consequência, o Meio Ambiente Global é caracterizado por guerras, miséria, fome, devastação de florestas tropicais e a poluição descontrolada das águas, terras e da atmosfera do planeta. Este modelo de dominação hegemônica entrou em crise existencial e sua capacidade de reprodução por meio da força militar, da dolarização da economia mundial, especulação financeira e do debate sobre mudanças climáticas, está comprometida, pois a emergência de novos poderes como consequência da emancipação política e econômica dos países do Sul Global, desafia a hegemonia do imperialismo dos EUA e da UE. A grande crise ambiental que a humanidade enfrenta neste século XXI é essencialmente social, econômica e geopolítica. Reduzir o CO2 ou zerar emissões de carbono ajudará, mas não pode ser a tarefa prioritária para resolvê-la.


Palavras-chave

Clima, Meio Ambiente, Sociedade-Natureza


Texto completo:

PDF

Referências


BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 20 jun. 2023.

BROOK, J.L. Climate change and the course of Global History. Cambridge University Press, 2014, 631 páginas. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=O9TSAgAAQBAJ&pg=PA19&dq=BROOKE,+J.L.+2014&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=1#v=onepage&q=BROOKE%2C%20J.L.%202014&f=false. Acesso em: 10 out. 2022.

CRAWFORD, N.C. Pentagon Fuel Use, Climate Change, and the Costs of War. Boston, EUA: Boston University, 2019. Disponível em: https://watson.brown.edu/costsofwar/files/cow/imce/papers/Pentagon%20Fuel%20Use%2C%20Climate%20Change%20and%20the%20Costs%20of%20War%20Revised%20November%202019%20Crawford.pdf. Acesso em: 8 mai. 2022.

CROK, M.; MAY, A. (Ed.). The Frozen Climate Views of the IPCC. CLINTEL, 2023. Disponível em: https://clintel.org/the-frozen-climate-views-of-the-ipcc/. Acesso em: 5 mai. 2022.

CURTIN, PH., D. The Atlantic Slave Trade: A Census. Madison, EUA: University of Wisconsin Press, Reprint edition, 1972, 358 pages.

DAVID, E.; BEHRENDT S.D.; RICHARDSON, D.; KLEIN, H. (Ed.). The Trans-Atlantic Slave Trade. Cambridge, UK: Cambridge University Press, Database on CD-ROM, 2000.

Equipe editorial de Biomania.com.br. Significado de Meio Ambiente. Brasil, 2023. Disponível em: https://biomania.com.br/artigo/significado-de-meio-ambiente. Acesso em: 20 jun. 2023.

Equipe editorial de Conceito.de. (12 de Maio de 2011). Atualizado em 1 de Julho de 2019. Meio ambiente - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/meio-ambiente. Acesso em: 20 jun. 2023.

Equipe editorial de Significados.com.br. Meio Ambiente. Brasil: 7 Graus, 2023. Disponível em https://www.significados.com.br/meio-ambiente/. Acesso em: 20 jun. 2023.

HAQ, S.N. O Islã. In: JAMIESON, D. (coord). Manual de filosofia do ambiente. Lisboa, PT: Instituto Piaget, 2003 523p. 121-138.

HORTON, J.O.; HORTON, L.E. Slavery and the Making of America. Nova Iorque, EUA: Oxford University Press, 2006, 256 p.

HUGH, T. The Story of the Atlantic Slave Trade, 1440-1870. Nova Iorque, EUA: Ed. Simon and Schuster, 1997, 908 p.

KATZ, E. Judaísmo. In: JAMIESON, D. (coord). Manual de filosofia do ambiente. Lisboa, PT: Instituto Piaget, 2003, 523 p.

KESSELRING, T. O conceito de Natureza na história do pensamento ocidental. Ciência & Ambiente, v. 3, n.5, p. 19-39, Santa Maria, 1992.

MARX, K. O Capital: Crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, Livro 1, v.1, t.1. São Paulo, 1985.

MOLESCHOTT, J. Der Kreislauf des Lebens. In: SCHMIDT, A. El concepto de naturaleza en Marx. Madrid, ES: Siglo Veintiuno, 1986, p. 84.

MOORE, J. W. Cheap Food and Bad Money: Food, Frontiers, and Financialization in the Rise and Demise of Neoliberalism. Journal of the Fernand-Braudel-Center, v. 33, n. 2-3, p. 225-261, 2012. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/23346883.

MOORE, J.W. “Amsterdam is Standing on Norway”, Part II: The Global North Atlantic in the Ecological Revolution of the Seventeenth Century’. Journal of Agrarian Change, v. 10, n. 2, p. 188–227, 2010.

MOORE, J.W. Beyond Climate Justice. In: DEGOT, E.; RIFF, D. (Ed.). In The Way Out of… Berlin: Hatje Cantz Verlag, 2022, 105-130.

PRIGOGINE, I. From Being to Becoming. San Francisco, EUA: W. H. Freeman, 1980, 272 p.

SANTOS, B.S; MENESES, M.P.G.; NUNES, J.A. Para ampliar o cânone da ciência: a diversidade epistemológica do mundo. In: SANTOS, B.S. Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, 501p.

SCHMIDT, A. El concepto de naturaleza en Marx. Madrid, ES: Siglo Veintiuno, 1986, 241 p.

SHIVA, V. Rewilding food, rewilding farming. Ecologist – Informed by Nature, 2020. Disponível em: https://theecologist.org/2020/jan/24/rewilding-food-rewilding-farming. Acesso em: 03 mar. 2022.

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Meio Ambiente. Flórida: Wikimedia Foundation, 2023. Disponível em: . Acesso em: 26 jan. 2023.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/reumam.v8i2.15331

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN online 2595-9239