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Mercados da pecuária familiar no sul do Brasil: convenções e canais de comercialização da bovinocultura de corte

Alessandra Matte, Paulo Dabdab Waquil, Sérgio Schneider, Jean François Tourrand

Resumo

O objetivo deste artigo é compreender como são constituídos os mercados da pecuária familiar para a comercialização de terneiros e novilhos, mediante uma análise das características que orientam as interações entre os atores sociais dos distintos canais de comercialização e das razões de sua estruturação. O método de pesquisa foi do tipo descritivo explicativo, tendo como principal instrumento de pesquisa a entrevista em profundidade, aplicada para 39 pecuaristas familiares distribuídos nos municípios de Bagé, Dom Pedrito e Pinheiro Machado, no sul do Rio Grande do Sul, associado ao registro por meio da observação participante em locais e eventos que configuravam comercialização de animais. Os resultados apontam que os principais canais de comercialização acessados pelos pecuaristas familiares para comercialização do terneiro e novilho são corretor (43,6%), terminador (41%), remate (33,3%) e intermediário (23,1%). As principais convenções que orientam as escolhas são confiabilidade, colaboração e credibilidade. De modo geral, busca-se máxima redução de incertezas e dependências, o que explica a comercialização de uma mesma categoria animal para mais de um canal de comercialização.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/raf.v14i1.7730

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