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Existir sobre as águas: refletindo “territorialidade” amazônica a partir do viver estuarino da “aquabilidade”

Daniel Miranda, Carlos Valério Aguiar Gomes Valério Aguiar Gomes

Resumo

As expertises de uma vida marajoara e de pesquisas implementadas na Ilha do Pará, Município de Afuá, no Marajó das Florestas, nos conduziram ao questionamento de determinados postulados teóricos responsáveis por alimentar os processos de interpretação/representação acerca da relação de ocupação humana amazônica. A esse respeito, nos referimos especificamente ao pressuposto cartesiano de que toda a existência humana está predisposta a se desenrolar sob o solo. Deste modo, partindo da crítica a respeito dos contextos e do prefixo que atribui sentido a tal forma de existir, assimilado pelos usos da categoria territorialidade, buscamos nos posicionar por intermédio do presente artigo em favor de uma alternativa aproximada ao que foi observado na vida estuarina, elaborada por homens e mulheres marajoaras, considerando as águas dos rios como lugares onde também ocorrem manifestações da vida antrópica amazônica, expressa na ideia de uma “aquabilidade”.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/raf.v13i2.8713

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