PERCEPÇÕES DOS PESCADORES ARTESANAIS E A PESCA ACIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL BARRA DO UNA, PERUÍBE/SP
Resumo
A captura acidental de tartarugas marinhas, além de ser prejudicial para suas populações, torna-se prejudicial para a atividade pesqueira, uma vez que reduz a captura de espécies-alvo, danifica os petrechos de pesca e aumenta o tempo da pescaria. Os pescadores artesanais possuem conhecimento sobre o ambiente e os recursos naturais que exploram; esse conhecimento pode auxiliar a literatura científica a respeito de comportamento, biologia, ecologia, classificação e história natural dos animais em questão. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção dos pescadores da comunidade caiçara da Vila Barra do Una (Peruíbe, Estado de São Paulo, Brasil) quanto quais espécies de tartarugas marinhas interagem, de alguma forma, com a pesca artesanal. A coleta de dados se deu por entrevistas com o auxílio de um questionário semi-estruturado conduzido com questões relacionadas aos aspectos taxonômicos e biológicos de tartarugas, descrição da captura acidental de tartarugas, caracterização da pesca entre outras questões; também foram utilizadas imagens de tartarugas para avaliar o conhecimento local sobre as espécies encontradas na região. Os dados obtidos foram analisados qualitativamente e quantitativamente, buscando-se representar o consenso entre os informantes entrevistados. Foram entrevistados 38 pescadores artesanais locais, que relataram que já houve capturas acidentais de tartarugas marinhas durante a pesca, ocorrendo o emalhe das mesmas nas redes de pesca, principalmente durante o período do verão, quando ocorrem maiores atividades pesqueiras devido ao aumento de turistas na região. As tartarugas capturadas são na maioria vivas e devolvida são mar por não apresentarem valor comercial aos pescadores e por saberem da fiscalização. De modo geral, foi possível perceber que os pescadores da vila Barra do Una possuem conhecimentos sobre a taxonomia e biologia das tartarugas marinhas que habitam o litoral sul de São Paulo, mesmo com as limitações presentes e pelo fato de não estarem em contato direto com o animal, levando em consideração que as tartarugas marinhas não são uma espécie-alvo durante a pesca. Estudos de populações residentes em unidades de conservação são extremamente importantes para gerar novos subsídios para pesquisas, guiar os planos de manejo local, gestão ambiental, ecoturismo e conservação do ecossistema.
Palavras-chave
captura acidental; pesca artesanal; etnoecologia; Juréia Itatins
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v3i0.10201
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