O CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AS SERPENTES EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA NO CENTRO-LESTE DA AMAZÔNIA
Resumo
A etnociência investiga a origem das atitudes e relações humanas com o ambiente. Nesse contexto, a etnozoologia estuda o conhecimento tradicional do homem sobre os animais. O presente trabalho tem como objetivo obter informações sobre o conhecimento tradicional dos moradores da comunidade de Paracari (Monte Alegre, Pará, Brasil) acerca das serpentes, questionando sobre como eles denominam, caracterizam e lidam com esses animais e com os possíveis acidentes. Para isso, durante três campanhas efetuadas nos meses de novembro e dezembro de 2015, questionários contendo tópicos previamente selecionados foram aplicados a 42 moradores selecionados aleatoriamente e que se dispuseram a contribuir. Destes, 95,23% alegaram já terem tido contato com serpentes e, com relação à hostilidade, 59,53% afirmaram matar a serpente independente da espécie. Quanto à ocorrência de acidentes ofídicos no ciclo familiar, 61,90% dos entrevistados confirmaram tal ocorrência, mas apenas 38,46% procuraram atendimento médico. O tratamento de origem popular mais comumente mencionado no caso de picada de cobra foi um extrato de planta artesanal chamado "Pau-X", fabricado, engarrafado e vendido livremente na região. Apenas Eunectes murinus, Lachesis muta e Crotalus durissus foram corretamente identificadas e caracterizadas pelos moradores. Algumas espécies foram identificadas corretamente, mas, em várias ocasiões, foram caracterizadas incorretamente como venenosas ou não. Todos os entrevistados confirmaram nunca ter tido acesso a informações ou participado de práticas educativo-ambientais sobre serpentes, o que pode contribuir diretamente para o uso de práticas inadequadas na identificação das espécies e no tratamento de acidentes ofídicos.
Palavras-chave
Conhecimentos tradicionais; Etnozoologia; Humanos; Questionário; Serpentes
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v3i0.10206
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