Duas Influências Etnobiológicas para uma Estudante de Graduação do Começo da Década de 1990
Resumo
A convite dos editores da Ethnoscientia, para o número especial da revista sobre a Etnobiologia no Brasil, fui incumbida de redigir uma breve entrevista com a Dra. Maria Christina de Mello Amorozo, por ter sido sua aluna durante a graduação. Ao aceitar o convite, incluí também uma entrevista com a Dra. Alpina Begossi, que foi também influência fundamental na minha formação, não apenas por ter sido minha orientadora no mestrado e no doutorado, mas principalmente por sua expressiva contribuição no cenário internacional e nacional no âmbito da Ecologia Humana e da Etnobiologia. Apesar de serem duas pesquisadoras que atuam em linhas diferentes, não posso falar sobre uma sem falar sobre a outra quando analiso as influências para a Ecologia Humana e para a Etnobiologia, especialmente para quem, como eu, foi aluno(a) de graduação no estado de São Paulo na década de 1990. Além de sua influência como professoras e pesquisadoras, tanto através de suas aulas, conversas, debates e artigos publicados, elas me apresentaram à outras bibliografias e a outros autores dessa área de estudo que na década de 1990 começava a ganhar mais adeptos no Brasil. Amorozo orientou ou co-orientou 27 trabalhos de conclusão de curso, 12 dissertações de mestrado e 5 teses de doutorado. Embora tenha dado foco mais recente à agricultura de pequena escala de raízes e tubérculos, destaco, entre os seus 24 artigos publicados, três que exploram a temática das plantas medicinais: Amorozo e Gély (1988), sobre uso de plantas medicinais em Barcarena, no Pará, Amorozo (2002) sobre uso de plantas medicinais em Santo Antonio do Leverger, no Mato Grosso, e Amorozo (2004) sobre práticas medicinais pluralísticas que combinam o uso de plantas e remédios industrializados. Begossi tem concluídas várias orientações ou co-orientações de trabalhos de conclusão de curso, 21 dissertações de mestrado, 10 teses de doutorado, 6 supervisões de pós-doutorado. Sua produção acadêmica é extensa, com 120 artigos publicados, que refletem a projeção das suas contribuições no cenário internacional da ciência. Embora sua principal área de atuação seja relacionada aos recursos pesqueiros e pescadores artesanais, destaco a sua importância no cenário nacional e internacional da área, especialmente através de algumas de suas contribuições (escolhidas aqui a somente a título de exemplo): em um artigo que ainda hoje é usado em muitos cursos de graduação e pós-graduação na área de Ecologia Humana e etnobiologia, e em áreas correlatas, Begossi (1993) faz um apanhado teórico das várias linhas da Ecologia Humana. Temas de interesse central para a etnobiologia também são foco de seus estudos, como por exemplo a etnotaxonomia, assunto de Begossi et al. (2008). As conexões com aspectos teóricos e metodológicos da Ecologia ficam bastante evidentes, por exemplo, em Begossi (1996), um estudo pioneiro que discute o uso de análises ecológicas de estimativas de diversidade em etnobotânica, e em Begossi et al. (2004), que congrega a análise de cadeias alimentares para compreender tabus alimentares relacionados ao consumo de pescado. A meu ver, a contribuição dessas duas pesquisadoras e professoras para a Etnobiologia e para a Ecologia Humana no Brasil vai além da quantidade de alunos orientados ou de artigos publicados. Begossi relata de modo autobiográfico seus caminhos na etnobiologia e na etnoecologia em um artigo recentemente publicado (Begossi 2014), e recomendo a todos a sua leitura. Para que o leitor da Etnnoscientia possa conhecer um pouco mais sobre a área no Brasil, Amorozo e Begossi gentilmente responderam a algumas questões apresentadas nas breves entrevistas a seguir.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v3i2.10226
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